Pensar Enfermagem (Jul 2011)

O uso das narrativas como fonte de conhecimento em Enfermagem

  • Olga Ordaz

DOI
https://doi.org/10.56732/pensarenf.v15i1.52
Journal volume & issue
Vol. 15, no. 1

Abstract

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A narrativa tem sido utilizada por vários investigadores como forma privilegiada de acesso à experiência vivida em enfermagem. No entanto, num trabalho mais aprofundado sobre este conceito, encontramo-nos com a sua natureza polissémica e as várias dimensões em que se mobiliza: como forma de pensar, como método de pesquisa e análise de dados, como processo cognitivo e afectivo. A riqueza que subjaz aos mundos a que permite aceder, transformam-na numa ferramenta particularmente adequada para o estudo da prática de enfermagem e dos seus múltiplos quotidianos, recheados de pequenas grandes estórias que só a voz dos protagonistas permite desocultar. Procuramos evidência científica de que essas estórias, partilhadas em narrativas, não só permitem o acesso à experiência vivida, como são em si mesmo produtoras de sentidos e saberes, sem os quais nunca poderemos compreender aspectos essenciais da natureza da enfermagem, quer como disciplina quer como profissão. Nesse sentido, o objectivo desta revisão sistemática da literatura é o de conhecer o estado da arte acerca da reflexão sobre a importância das narrativas no processo de construção de conhecimento em enfermagem, a partir da experiência vivida dos enfermeiros. Foram incluídos 9 estudos, publicados entre 2000 e 2010, pesquisados a partir de bases de dados electrónicas, que partem das narrativas dos enfermeiros para aceder à sua experiência vivida em contextos de cuidar. Os resultados sugerem que existe uma grande diversidade na utilização das narrativas e que a sua abordagem envolve várias dimensões, sendo comum o propósito de desocultar sentidos e saberes oriundos da experiência vivida. Na diversidade dos achados encontra-se evidência que remete para vários tipos de conhecimento em enfermagem, nomeadamente pessoal, estético e ético.

Keywords