Revista Ñanduty (Oct 2020)

Convivência integral e aprendizados na tela: uma análise de lives sobre parentalidades em tempos de Covid

  • Anna Paula Uziel,
  • Roberta Gomes Nunes,
  • Rayanne Suim Francisco,
  • Renata Gonçalves Roma,
  • Larissa Pinto Moraes,
  • Ludmilla Furtado da Silva,
  • Marcello Furst de Freitas Accetta,
  • Maria Clara de Mello Andrade,
  • Amanda Neves Rastrelli,
  • Camila Tomé da Silva

DOI
https://doi.org/10.30612/nty.v8i12.15312
Journal volume & issue
Vol. 8, no. 12
pp. 95 – 127

Abstract

Read online

Esse trabalho tem como objetivo fazer uma análise das expressões e sentidos que profissionais, mães e pais vêm dando aos diferentes exercícios da parentalidade em tempos de confinamento, como efeito da crise pandêmica que vivemos no Brasil em decorrência do novo coronavírus. Por meio da análise de 26 vídeos, distribuídos entre lives e vídeos curtos disponíveis na plataforma do Youtube, escolhidos a partir do cruzamento dos termos parentalidade e pandemia, propusemos o desafio de pensar o exercício da parentalidade em relações de convívio das famílias com crianças e adolescentes. Nossa proposta era entender como adultos e crianças da família que convivem no mesmo espaço neste momento de pandemia, em suas diversas configurações e condições, têm experimentado o tempo, marcado pela ausência de intermitência, com o convívio praticamente ininterrupto com elas. Muitas famílias de camadas médias e altas se depararam, pela primeira vez, com a necessidade de cuidado integral de sua prole, que em geral é dividido com escola, babás, empregada doméstica, além de avós. Foi possível notar que embora as crianças sejam parte fundamental da trama e muitos dos questionamentos se façam a partir da presença permanente delas em casa, nenhuma das lives que apareceram no Youtube tem a participação das mesmas ou trata das suas percepções sobre os tempos de confinamento. Nota-se também uma certa homogeneidade das pessoas que proferiram as lives em termos de classe social, região do país e profissão, sendo basicamente mulheres brancas de camadas médias das regiões sul e sudeste do país, psicólogas e pedagogas. As famílias para as quais as lives se dirigem são formadas por casais cis, heterossexuais, brancos, de camadas médias e altas, sem que essas características sejam sequer apontadas. A perspectiva interseccional não aparece.

Keywords