Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DE ANTICORPOS NEUTRALIZANTES APÓS UM ANO DE VACINAÇÃO EM IDOSOS

  • JTCD Santos,
  • VVS Lemos,
  • MLSC Sá,
  • JLJ Santos,
  • NL Silva,
  • ERS Gonçalves,
  • LSD Santana,
  • AAS Araujo,
  • RCM Cavalcante,
  • DM Schimieguel

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S850 – S851

Abstract

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Objetivo: O vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, tem na sua estrutura um domínio da proteína spike (S) chamado de RBD que é onde acontece a ligação do vírus ao receptor da célula, resultando assim na entrada do vírus na célula. Para combater o vírus foram desenvolvidas vacinas, dentre as quais a CoronaVac, que tem como tecnologia o vírus inativado. O sistema imunológico dos idosos com o passar dos anos se torna mais suscetível a doenças por conta de um fenômeno conhecido como imunossenescência. O objetivo da pesquisa foi avaliar a imunidade humoral mediante a produção de anticorpos neutralizantes após um ano de vacinação em idosos e profissionais em instituições de longa permanência. Materiais e métodos: Foram incluídos no estudo os idosos institucionalizados que receberam o esquema vacinal completo da CoronaVac, bem como os profissionais que atuam no local. Para este estudo o critério para definição de idosos foi idade de acima de 60 anos, e para os profissionais que formaram o grupo controle a idade máxima estabelecida foi de 50 anos. Amostras de sangue periférico foram coletadas 360 dias após o esquema vacinal completo para a realização da sorologia para COVID-19 por imunoensaio de fluorescência (FIA) para a avaliação qualitativa da interferência dos anticorpos ligantes, COVID-19 nAb. Resultados: Foram selecionados 139 indivíduos para o estudo, 94 idosos e 45 profissionais, de duas ILPIs de Sergipe. Deste total, 41 amostras não foram coletas, sendo incluídos para análise 90 indíviduos, 68 idosos e 22 profissionais. A maioria foi do sexo feminino (70%) com média de idade entre os idosos de 82 anos (60 e 100 anos) e a idade média dos profissionais 45 anos (30 e 50 anos). Trezentos e sessenta dias após a vacinação completa com Coronavac, com ou sem dose de reforço, os idosos apresentaram nAb anti-SARS-CoV-2 de 98,5% e os profissionais 100%. Não foi encontrada diferença significativa na média de neutralização entre idosos e profissionais (p > 0,05). Discussão: Ensaios sorológicos para a detecção de anticorpos neutralizantes (nAb) são fundamentais para avaliar a resposta imune à vacinação, nesse estudo foi avaliado a presença de nAb anti-SARS-CoV-2 360 dias após a vacinação completa com Coronavac, com ou sem dose de reforço, os idosos apresentaram nAb anti-SARS-CoV-2 de 98,5% e os profissionais 100%. A presença desse anticorpo indica a reação imune a vacinação e pressupõe que essa reação irá exercer uma proteção em futuras exposições ao vírus. A idade é um fator determinante na resposta imune, fatores como a imunossenesecência pode levar a uma redução do sistema imunológico em combater infecções, ou pode levar uma resposta imunológica menos eficiente no combate a vírus. No presente estudo não foi encontrada diferença significativa na média de neutralização entre idosos e profissionais (p > 0,05), o que representa um resultado extremamente positivo para o controle da doença, embora inicialmente inesperado em virtude da imunossenescência. Conclusão: Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que a vacinação com CoronaVac é capaz de induzir uma resposta imune humoral semelhante, com produção de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2 em idosos e profissionais de instituições de longa permanência. A despeito da imunossenescência em muitas infecções semelhantes apresentarem quantidades reduzidas de anticorpos, a vacina CoronaVac demonstrou semelhança na resposta imunológica de idosos e profissionais mais jovens.