Geologia USP. Série Científica (Dec 2019)
Depósitos conglomeráticos do Paleo Rio Tietê: evento de agradação fluvial na evolução da depressão periférica paulista
Abstract
Os depósitos conglomeráticos situados nos arredores do distrito de Laras, São Paulo, capeiam colinas amplas de topo aplainado com altitudes entre 500 e 570 m. Ocorrem em discordância sobre as formações Piramboia e Teresina da Bacia do Paraná. São constituídos de fácies de ortoconglomerados polimíticos com matriz arenosa, mal selecionada. A análise de proveniência realizada evidenciou o predomínio de clastos de silexito, quartzito e quartzo de veio, bem arredondados e oblatos, sugerindo longo transporte. A análise estatística revelou maior frequência de litotipos resistentes ao transporte na porção sudeste da área. Na porção noroeste predominam clastos menos resistentes, representados por oólito e coquina, sugerindo erosão da Formação Teresina e transporte curto a partir de terrenos paleozoicos existentes na Depressão Periférica Paulista. Dados de Luminescência Opticamente Estimulada (OSL) possibilitaram conferir idade mínima de 371.4 ± 27.5 ka para a unidade. Os depósitos conglomeráticos são interpretados como produto de deposição em canais fluviais tributários de grande porte, ou mesmo de um canal tronco principal, de um extenso sistema deposicional fluvial com paleomergulho deposicional para sudoeste do Estado de São Paulo. Esse sistema fluvial antecessor do atual Rio Tietê, com proveniência de nordeste, tinha área de drenagem em terrenos pré-cambrianos situados ao leste da área de ocorrências das unidades paleozoicas. Devido à localização e ao porte, os depósitos descritos registram importante fase de agradação fluvial na história geológica do Rio Tietê, evento de sedimentação ocorrido durante o longo processo de denudação que deu origem à Depressão Periférica Paulista durante o Cenozoico.
Keywords