Galicia Clínica (Dec 2014)

Dispneia, tosse e pieira… será asma?

  • Catarina Ferreira,
  • Luís Vaz-Rodrigues,
  • Joana Raposo,
  • Yvette Martins,
  • Fernando Barata

DOI
https://doi.org/10.22546/30/558
Journal volume & issue
Vol. 75, no. 4
pp. 185 – 187

Abstract

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Introdução: A tríade de sintomas dispneia, pieira e sibilos direcciona o clínico para o diagnóstico de asma. O mesmo conjunto de sintomas pode observar-se num amplo espectro de outras entidades nosológicas. Caso clínico: Os autores descrevem o caso clínico de uma doente de 65 anos, observada pela primeira vez em consulta de Pneumologia em Junho de 2006 por dispneia, pieira e tosse com evolução de 6 meses. O exame físico, exceptuando sibilos dispersos, era normal. A radiografia de toráx mostrava reforço peribronco vascular bilateral. O estudo funcional respiratório (EFR) evidenciava um padrão obstrutivo com prova de broncodilatação positiva. A avaliação laboratorial não mostrava alterações. Foi estabelecido o diagnóstico de asma e iniciada terapêutica com associação de budesonido/formoterol 320/9mcg inal. 12/12h. Na reavaliação aos três meses mantinha dispneia, pieira e tosse diária. Confirmada boa técnica inalatória. Não havia novas alterações nos exames realizados (EFR e Rx de tórax). Realizada então TC-torácica onde se identificava a presença de lesão endobrônquica a nível da carina/brônquio principal esquerdo. Posteriormente, foi efectuada broncofibroscopia que confirmou a presença da lesão descrita, cujo exame histológico revelou tratar-se de um carcinoma adenóide quístico (CAQ). Discussão: O CAQ é uma variante do adenocarcinoma de ocorrência pulmonar rara. Tem origem a partir das glândulas seromucosas da mucosa traqueobrônquica e tem frequentemente localização central. O sintoma de apresentação mais comum é dispneia associada a sibilância, pieira e tosse, frequentemente interpretada como asma. Tem comportamento infiltrativo e crescimento lento. A terapêutica de eleição é a exérese total sempre que possível. As recidivas locais são frequentes. Apesar disso, tem bom prognóstico, com sobrevida de 91 e 76%, respectivamente aos 5 e aos 10 anos.

Keywords