Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

OR-19 - DIFTERIA EM UM PACIENTE ADULTO. HÁ MOTIVOS PARA NOS PREOCUPARMOS COM A REEMERGÊNCIA DESTA DOENÇA?

  • Lara Salgado Saraiva,
  • Gabriel Ramalho de Jesus,
  • Rafisa Angélica L. Silva,
  • João Vitor Albanezi Seron,
  • Mateus Renno de Campos,
  • Fernanda Guiote Puga,
  • Gilberto Gambero Gaspar,
  • Benedito A.L. Fonseca

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 103896

Abstract

Read online

Introdução: A difteria é uma doença infecciosa com alta incidência em menores de 15 anos e apresentava grande morbi-mortalidade antes da existência da vacina. Atualmente, no Brasil, registram-se menos de 5 casos confirmados por ano graças à alta cobertura vacinal observada até meados da última década. A transmissão ocorre por contato ou via respiratória (gotículas), mesmo entre portadores assintomáticos. As manifestações clínicas incluem sintomas respiratórios, cutâneos e a possível evolução para casos graves. Objetivo: Relatar caso de difteria em paciente adulto, imunocompetente e vacinado. Método: Relato de caso. Resultados: Homem, 57 anos, motorista de ônibus escolar, antecedente de câncer de próstata tratado em 2021, procurou atendimento médico após um dia do início de tosse, mialgia, rinorreia com secreção espessa e odinofagia, tendo sido prescrito sintomáticos. Após 5 dias, houve piora do quadro, com edema cervical, odinofagia, hiporexia, febre (39°C) e sialorreia e foi internado para avaliação otorrinolaringológica. Ao exame, apresentava placas esbranquiçadas em palato mole, pilares amigdalianos e orofaringe e placas pseudomembranosas amareladas na rinoscopia. Na laringoscopia, foi visto edema e hiperemia interaritenoide. Em seguida, foi coletado material para culturas e biologia molecular. Na tomografia de face, havia espessamento mucoso e nível líquido nos seios maxilares bilaterais, proeminente à direita. Considerando o quadro, aventou-se a hipótese de difteria, sendo iniciado Penicilina Cristalina e soro antidiftérico. O caso foi notificado e a investigação pela Vigilância Epidemiológica revelou que o paciente apresentava 3 doses de vacina dT, sendo a última em 2017. Após 3 dias do início do tratamento, o paciente foi transferido para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde foi mantida terapia com Penicilina Cristalina por 14 dias, prescrito Prednisolona devido ao edema e otimizada a analgesia. A cultura e reação em cadeia da polimerase foram positivas para Corynebacterium diphtheriae e, assim, iniciou-se a investigação epidemiológica em contactactantes da cidade de origem. Conclusão: A baixa experiência clínica decorrente da prevalência atual da difteria pode ser um fator dificultador para o diagnóstico e tratamento precoce, levando a maior risco de complicações e óbitos. Nesse caso, ressalta-se um provável vínculo epidemiológico pela atividade profissional (exposição a crianças) e a manifestação característica mesmo com vacinação atualizada.