Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
DETERMINAÇÃO DOS INTERVALOS DE REFERÊNCIA PARA TP E TTPA DE ACORDO COM O GÊNERO, FAIXA ETÁRIA E GRUPO ABO
Abstract
Objetivos: Determinar os intervalos referenciais do Tempo do Protrombina (TP) e do Tempo de Tromboplastina Parcial ativada (TTPa) de acordo com os grupos sanguíneos ABO, gênero e grupo etário, em indivíduos considerados saudáveis. Além disso, avaliar se há diferença entre os intervalos referenciais entre os grupos. Material e métodos: Foram avaliados 1745 resultados de indivíduos saudáveis e não internados provenientes do atendimento ambulatorial de um hospital universitário. Sangue periférico foi coletado em tubo à vácuo BD Vacutainer® de citrato de sódio tamponado 0,105 mol/L na proporção de nove partes de sangue para uma parte de solução de Citrato, conforme recomendado pela CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute). As amostras foram imediatamente centrifugadas a 1500 g por 15 minutos. Para a realização da tipagem sanguínea, foram aproveitadas as amostras de sangue periférico em EDTAK2 (BD Vacutainer®, Becton Dickinson, Franklin Lakes, USA) dos casos em que havia solicitação de hemograma. O TP e TTPa foram realizados utilizando Neoplastine® CI Plus (Diagnóstica Stago S.A.S, Asnières sur Seine, França) e ATTP® (Diagnóstica Stago S.A.S, Asnières sur Seine, França). As determinações foram realizadas no equipamento STA Compact Max® (Diagnóstica Stago S.A.S, Asnières sur Seine, França). Resultados: A determinação do Grupo ABO foi realizada em 345 casos. Cerca de 49% (169) eram do Grupo O, 34% (117) eram do grupo A, 14% (47) do grupo B e 3% (12) do grupo AB. Os valores de TTPa foram maiores nos indivíduos do grupo sanguíneo O [36,8s (27,5–49,6s)] em relação aos do grupo A [36,0s (25,2–49,0s)], B [35,6s (26,2–44,3s)] e AB [32,9s (28,3–39,8s)] (p = 0,042). O mesmo não foi observado em relação ao TP. Quando avaliada a diferença entre os grupos sanguíneos individuais, os valores de TTPa foram significativamente maiores no grupo sanguíneo O e A em relação ao grupo AB (p = 0,013 e p = 0,048, respectivamente), enquanto houve apenas uma tendência a maior valor do TTPa no grupo B em relação ao AB (p = 0,095). Em relação ao gênero, observou-se valores significativamente maiores do TP [13,3s (11,6–16,5s) x 13,1s (11,2–15,5s), p < 0,001] e TTPa [36,1s (29,5–49,6s) x 35,2s (33,0–49,0s), p < 0,001] no grupo masculino que no feminino. Quanto ao grupo etário, indivíduos com idade igual ou maior que 60 anos mostraram valores de TP e TTPa significativamente maiores [13,4s (11,3-15,5s) e 36,6s (27,8–49,0s), respectivamente] que nos indivíduos com idade inferior a 60 anos [13,2s (11,2-6,5s), p = 0,001; e 35,4s (23,4–49,6s), p = 0,003, respectivamente]. Foram estabelecidos limites referenciais, sendo que os limites inferior e superior correspondem, respectivamente, aos percentis 2.5 e 97.5 da distribuição dos resultados para a população de referência com IC a 90%: Geral (TTPa 29,9–45,0s e TP 12,1–15,0s), Grupo O (TTPa 30,3–46,3s e TP 12,0–14,6s), Grupo não O (TTPa 28,3–45,9s e TP 12,0–14,9s), Masculino (TTPa 30,6–46,6s e TP 12,2–14,4s), Feminino (TTPa 28,4–44,0s e TP 12,0–14,4s), < 60 anos (TTPa 29,8–45,0s e TP 12,0–14,8s) e ≥60 anos (TTPa 30,2–45,0s e TP 12,3–15,1s). Conclusões: Apesar da significância estatística entre os valores entre alguns grupos, é possível que essa diferença não tenha um significado clínico. De uma maneira geral, chama a atenção para a importância do conhecimento sobre a população atendida por cada laboratório, sobre as possíveis variações e interferências que os resultados de exames de hemostasia podem sofrer.