Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

RESGATE À BASE DE VENETOCLAX INDUZ MAIS RESPOSTA QUE 7+3 EM LMA NO SUS

  • AS Alves,
  • FS Oliveira,
  • JVM Cunha,
  • DSVR Prado,
  • MLS Suassuna,
  • IE Hannes,
  • NCS Misael,
  • FQ Bastos,
  • GC Pereira,
  • FD Xavier

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S393 – S394

Abstract

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Objetivos: O objetivo primário é reportar a taxa de mortalidade global aos 30 dias. Os objetivos secundários são avaliar a taxa de mortalidade aos 30 dias por tratamento e as taxas de mortalidade aos 60 dias, sobrevida global (SG), tempo para resposta completa (TRC) e duração da resposta RC (DRC), taxa de remissão completa à indução (RC), globais e por tratamento; bem como a taxa de RC ao resgate com esquema à base de venetoclax (VEN) e tempo para resposta com esquema à base de VEN no resgate. Métodos: Estudo retrospectivo, a partir da revisão de prontuário eletrônico, de 53 pacientes que foram sequencialmente diagnosticados com leucemia mieloide aguda (LMA) no Hospital Universitário de Brasília (HUB), entre novembro de 2018 e janeiro de 2024. Destes 10 foram excluídos devido ao diagnóstico de leucemia promielocítica aguda e 4 por terem linhagem ambígua. Resultados: Incluídos 39 pacientes, mediana de idade de 56,7 anos (18,4-88,4), 41% maiores de 60 anos e 54% masculino, 21% realizaram citorredução com hidroxiuréia; a indução foi feita com 7+3 (59%), ARAC SC (20,5%), azacitidina (2,4%) ou VEN+AZA (5,1%); 5,1% paliaram com hidroxiuréia e 7,7% apenas suporte. A mortalidade aos 30 dias foi 23% (9/39), sendo 22% (5/23) com 7+3 e 0 com VEN+AZA. A mortalidade aos 60 dias foi 36%, sendo 26% (6/23) com 7+3 e um óbito no VEN+AZA. A remissão completa foi 40% (12/35), sendo 47,8% (11/23) no 7+3, 12,5% (1/8) no ARAC SC e 100% no VEN+AZA. A mediana de tempo para RC foi 34 dias (29-189) no geral e no 7+3 (29-86) e 58 dias no VEN+AZA. A mediana de SG foi 4,7 meses (0,2 a 51,4 NA), sendo 10,5meses para o 7+3 (0,26-51,39 NA) e 6,3 meses (0,72 a 29) com ARAC SC. A CTG foi avaliável em 26/39, sendo o risco favorável 7,7%, intermediário em 69,2% e desfavorável em 23,1%. Das LMA, 16/23 (69,5%) (11/16 após 7+3 e 4/8 pós ARAC SC) resgataram com VEN-base com uma mediana de tempo para RC de 29 dias (18-44). A taxa de RC após resgate com VEN-base foi 63.6% (7/11) nos R/R ao 7+3 e 75% (3/4) nos R/R ao ARAC SC. Dos 14 pacientes com LMA R/R resgatados com VEN-base com CTG de risco intermediário ou alto, 10 entraram em RC (71,4%). Discussão: A alta taxa de mortalidade precoce é reportada em diversos centros nos países em desenvolvimento. Além disso, a falta de NGS no sistema público (SUS) limita a adequada estratificação de risco. Da mesma forma, no SUS o tratamento de indução com intenção de remissão é limitado ao 7+3. Nossa mortalidade precoce é alta de 23%, mas dentro do esperado na literatura (20-30%). A SG 5 anos com 7+3 varia na literatura de 30-40% (60-65 anos) a 40-50% (< 55 anos) com uma mediana de 34 meses e taxa de RC 70% com 7+3. No nosso serviço, tanto a mediana de SG quanto a taxa RC com 7+3 foram inferiores, respectivamente 10,5 meses e 47,8%. Conclusão: Somando-se a mortalidade precoce, a ineficiência do 7+3 e do ARAC SC num contexto de CTGs não favoráveis, o alto custo com LMA R/R e as excelentes e rápidas taxas de RC ao resgate baseado em VEN (maioria combinado a fluconazol e citarabinda) aparentemente superior ao 7+3 e ARAC SC, com 43,7% dos pacientes resgatados vivos, nos leva a questionar, no contexto do SUS em que o paciente chega muito comprometido pela doença de base e com infecções, se não seria mais eficiente trazer a quimioterapia à base de VEN para a primeira linha nos pacientes elegíveis e levá-los logo ao transplante e com menos toxicidade, mas também nos não elegíveis. São necessários estudos prospectivos no nosso contexto para avaliar essa hipótese.