Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Mar 2020)

Suplementação oral de magnésio na prevenção de cãibras musculares: revisão baseada na evidência

  • Cátia Palha,
  • Miguel Gouveia,
  • Sara Guimarães Fernandes

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v36i1.12533
Journal volume & issue
Vol. 36, no. 1

Abstract

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Objetivo Rever a evidência sobre a eficácia da suplementação oral de magnésio na prevenção de cãibras musculares sem patologia evidente associada, em indivíduos adultos. Fontes de dados National Guideline Clearinghouse, Canadian Medical Association Practice Guidelines Infobase, Guidelines Finder, The Cochrane Library, DARE, Bandolier, Evidence Based Medicine Online e PubMed. Métodos Pesquisa realizada no dia 4 de julho de 2018 com os termos MeSH “Muscle Cramp”, “Magnesium” e “Magnesium Compounds” de meta-análises, revisões sistemáticas (RS), ensaios clínicos aleatorizados e controlados (ECAC), estudos de coorte e caso-controlo e normas de orientação clínica publicados desde 1 de janeiro de 2008 nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. Para atribuir níveis de evidência (NE) e forças de recomendação foi utilizada a Strength of Recommendation (SOR)Taxonomyda American Academy of Family Physicians. Resultados Dos 47 artigos encontrados, seis cumpriram os critérios de inclusão: uma meta-análise (NE 2), quatro RS (NE 2) e um ECAC (NE 2). Não foram identificados estudos relativos a cãibras associadas ao exercício. Os estudos são consensuais na aparente ausência de eficácia do magnésio na prevenção de cãibras idiopáticas. Quanto às cãibras associadas à gravidez, a evidência é inconsistente. Contudo, o uso de amostras pequenas, períodos de follow-upcurtos e a heterogeneidade das metodologias (população, tipo de suplemento, posologia, outcomes) comprometem a extrapolação e reduzem a força das conclusões obtidas. Conclusão Perante a evidência encontrada, a suplementação oral de magnésio na população geral parece não ser eficaz na prevenção de cãibras idiopáticas (SOR B), não havendo evidência que suporte a sua prescrição por rotina na prática clínica. Nas cãibras associadas à gravidez a evidência da suplementação oral de magnésio não é clara (SOR B). Para obter conclusões mais robustas são necessários ECAC de melhor qualidade e com metodologias mais homogéneas.

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