Psicologia em Estudo (May 2016)

AS MÁSCARAS DA POBREZA: O CRACK COMO MECANISMO DE EXCLUSÃO SOCIAL

  • Manoel de Lima Acioli Neto,
  • Maria de Fátima Souza Santos

DOI
https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i4.28292
Journal volume & issue
Vol. 20, no. 4

Abstract

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O objetivo desse estudo foi analisar as representações sociais das drogas e seus usuários na legislação brasileira sobre drogas, a partir dos marcadores “crack” e “pobreza”. O perfil dos usuários de crack com consumo frequente no Brasil é de homens, solteiros, negros, com cerca de 30 anos, baixa escolaridade e desempregado. Aproximadamente, 40% vivem em situação de rua, em extrema privação social, embora essa condição não seja advinda do consumo. Diante dessa realidade, analisou-se o modo como a legislação sobre drogas se posiciona sobre o assunto. Para isso, realizou-se uma análise temática de conteúdo dos documentos que compõem a legislação, investigando como representam as drogas e seus usuários. Os resultados apontam que, apesar do quadro de exclusão social dos usuários, a legislação tem foco maior na repressão. Existe um direcionamento ao combate às drogas e uma interdição ao seu consumo. Nesse sentido, o racismo de estado opera como um mecanismo de exclusão velado às camadas socioeconômicas pobres e o crack parece dizer respeito ao maquiamento da pobreza em uma máscara possível de ser rejeitada publicamente.

Keywords