Geologia USP. Série Científica (Mar 2013)
Turmalinitos do Grupo Brusque na região entre São João Batista e Tijucas, Santa Catarina, Brasil
Abstract
O Cinturão Dom Feliciano no Estado de Santa Catarina é representado pelos grupos Itajaí e Brusque e o Batólito Florianópolis. A Formação Rio do Oliveira, basal do Grupo Brusque, constitui-se de unidades metabásicas/cálcio-silicáticas, metavulcânicas-exalativas, metapelíticas e metapsamíticas. Uma sequência descontínua de turmalinitos integrante da unidade metavulcânica-exalativa estende-se desde São João Batista até Tijucas. Dois tipos de turmalinitos foram distintos e denominados Rio do Oliveira e Morro do Carneiro. O primeiro é muito fino, bandado e composto por turmalina amarela-esverdeada ou castanha. O segundo é mais grosso, de textura maciça a levemente foliada, e formado por turmalina zonada. Análises por microssonda eletrônica e laser ablation-ICPMS mostraram que a turmalina do Rio do Oliveira é mais rica em Al, álcalis e mais pobre em Ti, Mg, Fe and Ca quando comparada com a do Morro do Carneiro. Os turmalinitos do Rio do Oliveira formaram-se por substituição seletiva de sedimentos pelíticos e psammíticos resultante da percolação de fluidos ricos em boro pela unidade vulcano-sedimentar durante a diagênese e metamorfismo. A turmalina do Morro do Carneiro possui núcleos detríticos e bordas mais ricas em Mg, Fe, Ti, Mn, Sr, Co e Ca que a turmalina do Rio do Oliveira. Uma zona intermediária escura é mais rica em Ti e Fe. O aumento brusco em Ca do núcleo para a borda pode ter resultado do equilíbrio com o ambiente circunvizinho rico em Ca (rochas cálcio-silicáticas subjacentes). Mesmo que os padrões definidos pelos ETR para as turmalinas do Rio do Oliveira e do Morro do Carneiro sejam praticamente idênticos, propõe-se que os fluidos formadores do turmalinito do Morro do Carneiro possam também ter tido origem metassomática/ígnea.