Revista Catarinense da Ciência Contábil (Nov 2022)
Afetividade negativa e intenção de abandono entre estudantes de Ciências Contábeis durante a pandemia da Covid-19
Abstract
A pandemia da Covid-19 trouxe efeitos negativos para a saúde mental da população. Sintomas de depressão, ansiedade e estresse, aqui denominados de afetividade negativa, foram potencializados no período pandêmico, o que pode ter gerado um impacto na intenção dos estudantes de abandonar seus cursos superiores, tendo em vista o cenário de adversidades. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo verificar a influência da afetividade negativa na intenção de abandono entre estudantes de ciências contábeis durante a pandemia da Covid-19. Para tanto, realizou-se uma pesquisa do tipo survey com 194 estudantes do curso de ciências contábeis de uma universidade pública. Para a análise de dados, foram utilizadas técnicas de análise descritiva, análise fatorial confirmatória e modelagem de equações estruturais. O modelo estrutural foi desenvolvido à luz da Teoria do Comportamento Planejado, que permitiu verificar a influência das atitudes, norma subjetiva e controle comportamental percebido sobre a intenção de abandono. Ainda, o modelo amplia o escopo da teoria ao integrar a variável afetividade negativa, formada por elementos relacionados a sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Os resultados evidenciaram que a intenção de abandono é influenciada pela atitude em relação ao abandono e pela afetividade negativa, de modo que uma atitude desfavorável ao comportamento reduz a intenção de abandono, enquanto uma maior incidência da afetividade negativa (i.e., sintomas de depressão, ansiedade e estresse) potencializa a intenção do estudante deixar o curso. Por outro lado, a norma subjetiva e o controle comportamental percebido não apresentaram influência sobre a intenção de abandono, divergindo do que é proposto pela Teoria do Comportamento Planejado. Do ponto de vista gerencial, os achados da pesquisa contribuem para que gestores universitários elaborem estratégias com foco na retenção de estudantes e na promoção e preservação da saúde mental no ambiente universitário, tendo em vista que, ao melhorar as condições psicológicas dos estudantes, os níveis de abandono tendem a reduzir. Além disso, do ponto de vista social, a pesquisa contribui ao promover o debate sobre a importância de um ambiente acadêmico saudável e favorável ao bem-estar psicológico dos estudantes.