Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

STAPHYLOCOCCUS AUREUS DE PACIENTES INTERNADOS EM UTIS DURANTE PANDEMIA DE COVID-19: CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE AMOSTRAS PAREADAS DE COLONIZAÇÃO E INFECÇÃO

  • Tamara Lopes Rocha de Oliveira,
  • Gabriel Freire Igari,
  • Carolina de Oliveira Whitaker,
  • Claudia Regina da Costa,
  • Adriana Lúcia Pires Ferreira,
  • Simone Aranha Nóuer,
  • Fernanda Sampaio Cavalcante,
  • Kátia Regina Netto dos Santos

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103422

Abstract

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Introdução: Staphylococcus aureus é membro da microbiota humana apresentando diversos fatores de virulência e de resistência aos antimicrobianos. É também patógeno oportunista relacionado a infecções associadas à assistência à saúde (IRAS), como Infecções de Corrente Sanguínea (ICS). A pandemia de COVID-19 gerou maior pressão seletiva sobre os microrganismos presentes no ambiente hospitalar, culminando com maior seleção e possível disseminação de genes de resistência. Objetivo: Caracterizar os perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos e as linhagens clonais de amostras de S. aureus isoladas de narina anterior e de ICS de um mesmo paciente durante a internação em UTIs de um hospital do Rio de Janeiro na pandemia de COVID-19. Métodos: A espécie foi confirmada por MALDI-TOF-MS e os perfis de susceptibilidade aos 11 antimicrobianos foram determinados por disco difusão. A técnica de PFGE foi utilizada para determinação das linhagens clonais. Resultados: Estiveram internados 4271 pacientes entre setembro/2020 e março/2021 nas UTIs COVID (UTIc) e não-COVID (UTInc). Entre eles, 59 pacientes estavam colonizados com S. aureus, com taxa de incidência de 13,8/1000 pacientes/dia. Cinco pacientes, 3 da UTIc (pacientes B, C e E) e 2 da UTInc (pacientes A e D), apresentavam amostras pareadas de S. aureus obtidas de sítios de colonização e infecção, gerando 14 amostras para análise (7 de narinas e 7 de ICS). As amostras foram confirmadas como S. aureus e 100% delas apresentavam resistência para penicilina, 57,1% para eritromicina, 50% para cefoxitina e clindamicina, e 14,3% para ciprofloxacina. Quatro amostras apresentaram fenótipo de Resistência à Múltiplas Drogas (MDR). Todas as amostras foram sensíveis à gentamicina, linezolida, mupirocina, rifampicina, tetraciclina e sulfametoxazol-trimetoprim. Durante a internação hospitalar amostras de ICS e nasais dos pacientes A e E adquiriram resistência a cefoxitina. Ao parearmos as amostras de colonização e ICS do mesmo paciente identificamos 100% de similaridade genética na análise do perfil clonal para os pacientes B, C, D e E. O paciente A apresentou amostra de ICS com perfil clonal relacionado (>80% de similaridade) às amostras de colonização e ICS do paciente B. Conclusão: Os dados indicam a importância da colonização prévia por S. aureus como fator de risco para o desenvolvimento de infecção de corrente sanguínea e a necessidade de estratégias de prevenção e controle hospitalar de amostras multirresistentes.

Keywords