Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-372 - LÚPUS INDUZIDO POR DROGAS (LID) EM PACIENTE EM USO DE ISONIAZIDA POR DOENÇA DE POTT

  • Andrey Andreolla,
  • Jessyka Soares Almeida Martins,
  • Ana Carolina Oliveira Filho,
  • Manoel Luiz Ferreira Junior,
  • Marina Aziani Cuccio

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104273

Abstract

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Introdução: A doença de Pott é definida pelo acometimento ósseo da coluna vertebral, representando cerca de 1% dos casos de tuberculose. O tratamento de escolha é inclui no esquema a isoniazida, droga que pode estar relacionada com o desenvolvimento de lúpus induzido por drogas (LID). Objetivo: : Descrever quadro de LID associado ao uso de Isoniazida. Método: O relato apresentado evidencia um caso de LID por uso de isoniazida em paciente atendida no Serviço de Infectologia do Hospital do Servidor Público Estadual na cidade de São Paulo. Resultados: J.H.D., 59 anos, feminino, negra. Admitida em emergência com perda abrupta de movimentação de membros inferiores. Identificada compressão medular aguda secundária a empiema epidural a nível de T4-T5. Foi submetida a laminectomia descompressiva em caráter de urgência. O diagnóstico pós-operatório foi de espondilodiscite, sendo confirmada infecção por M. tuberculosis por meio de Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB) e de cultura de fragmento ósseo. Com o diagnóstico de Doença de Pott firmado, iniciou-se tratamento com esquema preferencial com Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol. Após estabilização clínica, paciente recebeu alta da enfermaria de Infectologia para seguir com tratamento ambulatorial. Seis meses após a alta, a paciente evoluiu com quadro de dispneia súbita associado a dor torácica ventilatório dependente e episódios de febre. Diagnosticado TEP associado a espessamento de pericárdio que foi biopsiado. O resultado anatomopatológico revelou pericardite crônica agudizada com deposição de fibrina. Nos exames laboratoriais, foi detectado anticorpo anti-histona com resultado fortemente positivo. Neste contexto, associou-se o quadro de pericardite como serosite secundária a LID, associada, muito provavelmente, à isoniazida. Conclusão: O mecanismo de LID relacionado à isoniazida não é claro. Acredita-se que haja relação com a ativação de leucócitos após oxidação da isoniazida em seu metabólito. O diagnóstico contempla a presença de sintomas relacionados ao Lúpus além da presença de anticorpos antinuclear e anti-histona positivos. Geralmente há exposição prolongada à droga para que haja manifestações de LID. O quadro tende a regredir após suspensão da droga. O diagnóstico de LID pode ser desafiador e pode não estar relacionado com as apresentações clássicas e robustas do lúpus. Tendo em vista a alta prevalência de tuberculose e o consequente uso de isoniazida, LID, apesar de raro, é um diagnóstico que deve ser considerado.