Revista da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (Dec 2018)

Vacinação Contra o Vírus do Papiloma Humano em Dermatologia

  • Ana Ortins-Pina,
  • Luís Soares-de-Almeida,
  • João Borges-Costa

DOI
https://doi.org/10.29021/spdv.76.4.960
Journal volume & issue
Vol. 76, no. 4

Abstract

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A infeção anogenital pelo vírus do papiloma humano (VPH) é a infeção sexualmente transmissível (IST) mais frequente; devido ao seu potencial oncogénico, está na origem da maioria dos cancros do colo do útero, vulvar, vaginal e anal. Não existe tratamento antiviral específico e o tratamento das neoplasias associadas ao VPH não previne a transmissão. Assim, a prevenção da infeção assume particular relevância e a consulta de Venereologia constitui uma oportunidade privilegiada para aconselhar quem pode beneficiar de medidas preventivas. A mais recente vacina contra o VPH é a nonavalente, proporcionando cobertura para os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, que, em conjunto, respondem por 90% dos cancros do colo do útero e condilomas. A vacina é recomendada pela OMS para mulheres e homens até aos 26 anos. Na maioria dos países, a vacina é comparticipada para proporcionar imunização universal gratuita a adolescentes do sexo feminino antes do início da atividade sexual. Para além da população-alvo, a vacina pode beneficiar outros populações-alvo frequentemente tratadas pelos dermatologistas: homens que têm sexo com homens, imunodeprimidos incluindo transplantados e infetados pelo VIH, e candidatos a tratamentos imunossupressores. A decisão de vacinar um indivíduo deve considerar o risco de exposição prévia ao VPH e o benefício potencial da vacinação, que é profilática e não terapêutica. Revemos a evidência publicada sobre a imunogenicidade, segurança e eficácia da vacina contra o VPH em diferentes contextos clínicos e identificamos as recomendações internacionais que podem guiar o aconselhamento individual pelo dermatologista.

Keywords