Boitatá (Dec 2017)

"El guarani que viene a mim, hormiga, thai?": a escrita alternativa e o saber situado em Mar paraguayo

  • Ana Lúcia Liberato Tettamanzy,
  • Paloma de Melo Henrique

DOI
https://doi.org/10.5433/boitata.2017v12.e32952
Journal volume & issue
Vol. 12, no. 24

Abstract

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A obra Mar paraguayo (1992), de Wilson Bueno, revela-se desconcertante se examinada no conjunto da prosa recente da literatura brasileira, na medida em que traz elementos fora do comumente previsto, muito por conta de sua linguagem, que mistura línguas (português, espanhol, guarani) e não se encaixa em modelos pré-estabelecidos. Essas questões envolvem o fato de a personagem narradora ser uma prostituta paraguaia de origem Guarani, que realiza seu discurso oralizado em portunhol e na sua língua materna, misturando elementos da cultura ocidental e da cultura indígena, pouco valorizada numa sociedade ocidentalizada. Buscou-se respaldo na interculturalidade (WALSH, 2009) e na descolonização do pensamento (CUSICANQUI, 2010) como forma de reivindicar a pluralidade cultural apresentada na obra, dando destaque à origem Guarani da personagem e à forma situada geoculturalmente de pensar (KUSCH, 2007), mediada pelas emoções. Nesse sentido, considerou-se a obra como uma literatura escrita alternativa (LIENHARD, 1990), dado que apresenta elementos constituintes das identidades ameríndiasPara os estudos literários, sinaliza para a possibilidade de integração/interação de saberes de ontologias relacionais (ESCOBAR, 2016), importantes para o enfrentamento de problemas que têm afligido o planeta, dadas as relações de (con)vivência entre os povos, entre os seres e desses com a natureza.

Keywords