Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
COMPARAÇÃO ENTRE CHANCE DE SOBREVIDA EM PACIENTES COM LEUCEMIAS AGUDAS E INFECÇÃO/COLONIZAÇÃO POR GRAM-NEGATIVOS MULTIRRESISTENTES
Abstract
Introdução/Objetivos: O aumento da infecção/colonização por bactérias gram-negativas resistente a carbapenêmicos tem se tornado um grande problema de saúde pública, especialmente em pacientes hospitalizados, onde esses germes são importantes responsáveis pela morbimortalidade. Em pacientes submetidos a quimioterapia intensiva, a presença desses patógenos pode ser fatal quando não manejada adequadamente. Nesse sentido, a presente avaliação busca discriminar o impacto desse fator em pacientes tratados para leucemia aguda. Material e métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, utilizando dados dos internamentos de pacientes na unidade Hematologia do Hospital Geral de Fortaleza do período de 03/08/2015 a 19/07/2023. Foram avaliados pacientes com leucemia mieloide aguda, leucemia linfoblástica aguda e leucemia promielocítica aguda. Os dados foram expressos em termos de mediana (intervalo interquartil - IQR). Foram utilizados testes não-paramétricos para avaliação de variáveis não pareadas. Para a avaliação de chance de sobrevida foi utilizado o método de Kaplan-Meier, bem como modelo de regressão de Cox. Foram considerados estatisticamente significativos valores de p-valor < 0,05. Resultados: No período avaliado, foram investigados 141 pacientes, dos quais 45,4% tinham o diagnóstico de leucemia mieloide aguda, 15,6% de leucemia promielocítica aguda, 39% de leucemia linfoblástica aguda. Houve 35,4% de infecção/colonização por bactérias gram-negativas resistentes a carbapenêmicos (BGNCR), tendo como principal representante a Klebsiella pneumoniae. A mediana de sobrevida de pacientes com BGNCR foi de 6,07 meses contra 14,37 meses de pacientes sem BGNCR (p-valor < 0,005). Discussão: a evolução do tratamento de pacientes com leucemia aguda tem sido baseada não só no aperfeiçoamento dos quimioterápicos e testes moleculares diagnósticos, mas também, na melhoria do suporte hemoterápico e infeccioso associado ao uso racional de antibióticos, especialmente para fases de neutropenia, devido a uma maior chance de morte por infecção. Nesse sentido, a presença de germes resistentes é um desafio para o manejo de pacientes em unidades de hematologia, tanto pela baixa disponibilidade de novos antibióticos de amplo espectro no Sistema Único de Saúde (SUS), como pela dificuldade de isolamento em coorte em unidades de tratamento oncológico. Outro problema é a falta de acesso para testes diagnósticos modernos, como Filmarray e MALDITOF-MS. Conclusão: O desfecho desfavorável de pacientes com BGNCR demonstra o impacto de tal tema, bem como a necessidade de acesso a novos aparatos, como antibióticos e testes diagnósticos, para a conduta clínica adequada desse grupo de enfermos.