Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção (Nov 2018)
Leishmaniose Visceral: Características clínico-epidemiológicas de casos e óbitos no estado de Sergipe
Abstract
Justificativa e Objetivos: A Leishmaniose Visceral (LV) é uma antropozoonose endêmica em áreas tropicais que vem demonstrando expansão e aumento global da letalidade. Este estudo objetiva caracterizar aspectos clínicos e epidemiológicos da LV, identificando fatores associados ao óbito. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico observacional, utilizando-se os dados da base estadual dos casos de LV residentes no estado de Sergipe, notificados entre 2007 e 2016 no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Resultados: Foram notificados 577 casos confirmados de LV, havendo concentração na zona urbana (76,1%), com letalidade geral de 12,3%. Houve predomínio no sexo masculino (69,5%), com maior letalidade. A maior concentração de casos ocorreu na primeira década de vida (38,5%). A letalidade aumentou a cada década a partir dos 40 anos, chegando a 39,3% em pessoas com 60 anos ou mais. Em ambos os quinquênios (2007 – 2011 e 2012 – 2016), observou-se que o coeficiente de incidência médio (CIM) em menores de 10 anos é semelhante entre os dois sexos e a partir daí apresenta-se sempre maior no sexo masculino. As manifestações relacionadas a maior letalidade foram: hemorragias (30,3%), icterícia (28,1%), infecção (26,4%), edemas (25,1%) e a coinfecção com HIV (26,9%). Conclusão: Apesar de ser uma área de transmissão endêmica de LV, tem ocorrido mudanças no padrão epidemiológico com aumento da incidência em faixas da população maior que 40 anos, o que pode refletir no aumento da letalidade. A identificação desse novo cenário e o reconhecimento de sinais de gravidade são muito importantes para seu diagnóstico precoce e tratamento oportuno.