Revista Educação e Cultura Contemporânea (Apr 2016)
“A tecnologia não tem que ser maior do que o professor”: visão dos professores quanto ao uso da tecnologia no contexto escolar
Abstract
O presente artigo é recorte de pesquisa que visou a analisar, relativamente aos programas oficiais de integração das tecnologias à educação, as percepções de professores da rede pública da educação básica do estado de Goiás sobre o papel das tecnologias na educação e a trajetória de suas práticas pedagógicas. Os dados foram obtidos pela realização de entrevistas com 76 professores de 23 escolas públicas vinculadas aos 11 primeiros Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) instalados no estado de Goiás. Neste artigo, apresentamos a análise dos dados relativos à visão docente sobre sua formação para o uso de instrumentos tecnológicos na prática pedagógica. O conteúdo das entrevistas foi organizado em duas unidades de análise: a determinista-tecnocêntrica e a instrumental. Observamos que as trajetórias formativas vivenciadas pelos professores da rede pública de educação goiana se alinham a um projeto de educação de cunho economicista que atende às demandas do neoliberalismo e está centrado na racionalidade técnica. Este projeto educacional se apoia na ideia de que quanto mais tecnologia menos mão de obra será necessária. Assim, predomina a visão de que o desempenho dos alunos depende mais dos materiais didático-pedagógicos do que da qualidade das intervenções docentes. À luz do materialismo histórico-dialético, tomamos a racionalidade da práxis como possibilidade de análise. Por conseguinte, rejeitamos tanto o materialismo ingênuo como o idealismo, compreendendo que, no processo de apropriação didático-pedagógica de tecnologias, os professores não podem ser considerados nem totalmente autônomos nem inteiramente submissos.