Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

UTILIZAÇÃO DO PLASMA FRESCO CONVALESCENTE EM PACIENTES DE ALTO RISCO DURANTE FASES PRECOCES DE INFECÇÃO POR COVID-19

  • S Wendel,
  • R Fachini,
  • R Achkar,
  • P Scuracchio,
  • S Miyaji,
  • M Erdens,
  • AS Helito,
  • M Bordignon,
  • A Song,
  • E Kallas

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S408 – S409

Abstract

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Objetivos: Dentre o arsenal terapêutico atual contra a COVID-19, a terapia com plasma convalescente proveniente de doadores recuperados da COVID-19 (CCP), pode ser benéfica em pacientes de alto risco que estejam em fase precoce desta infecção, especialmente até o quinto dia de sintomas. Relatamos abaixo dados iniciais de uma série de pacientes de alto risco com infecção por SARS-CoV-2 que receberam esta terapêutica. Material e métodos: As unidades de CCP foram coletadas por aférese e submetidas à titulação de anticorpos neutralizantes através da neutralização viral em placa. As unidades com títulos ≥ 160 foram liberadas para uso, constituídos pools de duas doações e submetidas ao tratamento de redução de patógenos pelo Intercept®. Os critérios de inclusão dos pacientes para o estudo foram: idade ≥ 60 anos, presença de comorbidades, diagnóstico confirmado de SARS-CoV-2 por RT-PCR e sintomas de COVID-19 com início ≤ 5 dias. Após solicitação médica e assinatura do termo de consentimento informado, os pacientes receberam pré-medicação (anti-histamínico) seguido de uma dose única de plasma convalescente (200 mL). O desfecho primário foi considerado óbito após 28 dias da transfusão e o secundário, internação após receber a transfusão ambulatorial. Resultados: Estudamos 120 pacientes entre 01/01/2021 e 31/07/2021, sendo 37 (30,8%) pacientes internados devido à condição clínica no momento da transfusão e 83 (69,2%) ambulatoriais; 84 (70%) eram masculinos e 36 (30%) femininos. A média de idade foi de 66 anos. Quanto aos antecedentes vacinais: 40/120 (33,4%) haviam recebido pelo menos a primeira dose da vacina (período médio da vacina à transfusão de plasma de 46 dias) sendo 25/40 (62,5%) Coronavac, 14/40 (35%) Astrazeneca e 1/40 (0,5%) Pfizer. As comorbidades mais encontradas foram hipertensão arterial (57,5%), obesidade (36,7%), diabetes (28,4%), cardiopatia (25%), neoplasia (18,4%), imunodeficiência (13,4%) e pneumopatia (8,4%). Observamos 3 (2,5%) reações transfusionais leves (2 alérgicas, 1 RFNH), sem danos aos pacientes. Entre os pacientes internados, 5/37 (13,5%) foram a óbito, pela própria condição clínica de base, associada às comorbidades, principalmente imunossupressão. Tais óbitos ocorreram em média, 25 dias após a transfusão. Dos pacientes ambulatoriais, 14/83 (16,9%) internaram nos 28 dias seguintes à transfusão, permanecendo, em média, 15 dias no hospital. Neste grupo, houve apenas 1 (1,2%) óbito, por complicações hemorrágicas e cardiológicas, em paciente com importante imunossupressão por transplante hepático recente. Discussão: Nossos dados demonstram a viabilidade do tratamento precoce na infecção pelo SARS-CoV-2 utilizando-se plasma convalescente com altos títulos de anticorpos neutralizantes em pacientes de alto risco, internados ou não, prevenindo, inclusive, internações subsequentes.