Revista de Saúde Pública do Paraná (Dec 2024)

Orientação Parental como Estratégia de Cuidado à Saúde Mental na Infância e Adolescência

  • Carolina dos Santos Correia,
  • Flávia Caroline Figel

Journal volume & issue
Vol. 4, no. Supl. 1
pp. 1 – 63

Abstract

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Objetivo: Este estudo buscou explorar o processo de trabalho em atendimentos psicológicos de orientação parental. Método: Trata-se de um estudo de caso descritivo observacional, de 46 pais responsáveis por 42 crianças e adolescentes de 3 a 14 anos. Os pais receberam uma intervenção durante 8 a 10 semanas. Os dados foram coletados por meio da observação participante e dos prontuários de saúde. Verificou-se quais são os temas mais relevantes a serem abordados no cuidado aos pais. Resultados: As principais queixas entre as crianças foram: mudanças na dinâmica familiar (23,81%), abuso e negligência (21,43%), comportamentos disruptivos (19,05%) e sintomas de ansiedade (11,90%). As queixas secundárias mais frequentes foram: comportamentos disruptivos (52,17%), sintomas ansiosos (21,74%), sintomas depressivos (13,04%), comportamentos autolesivos (8,70%) e sintomas mistos (4,35%). Os diagnósticos prévios mais frequentes (11,90%) foram Epilepsia e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, seguido de Transtorno Opositivo Desafiador (9,52%), Encoprese e Transtorno do Espectro Autista (4,76% cada). Os principais temas trabalhados com esses pais foram: direitos humanos básicos; a importância do brincar para o desenvolvimento infantil; educação sexual; padrões comportamentais e familiares inconscientes; tarefas domésticas; relacionamento conjugal e sexualidade; qualidade na interação familiar, teoria do apego e ciclo de segurança; estilos parentais; desenvolvimento de habilidades sociais aplicadas à parentalidade; disciplina positiva; expressão e validação emocional; estabelecimento de regras e limites e gênero e feminismo. Discussão: Abordar a parentalidade a partir de uma perspectiva psicodinâmica enfatiza a importância de se ouvir o surgimento do sofrimento parental, de como a angústia surge no fenômeno parental em cada sujeito e as respostas que a cultura tem produzido diante desse fenômeno. Cada sujeito, a partir da elaboração de sua história, responderá de maneira única às forças que o campo parental convoca. É preciso discutir com os pais o gênero dos problemas que enfrentam e o que podem esperar de suas ações, mas não dizer exatamente o que devem fazer. Este tipo de intervenção, focada em aspectos relacionados à parentalidade, permite também a integração de técnicas de outros referenciais teóricos. Conclusão: Essas descobertas destacam a importância de programas preventivos na primeira infância, a fim de melhorar as habilidades dos pais para resolver problemas.

Keywords