Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Jul 2021)

Opioides em ambulatório na dor não oncológica: uma revisão sobre os desafios da farmacologia no envelhecimento

  • Hugo Ribeiro,
  • João Rocha-Neves,
  • Carla Lopes-Mota,
  • Manuel Teixeira-Veríssimo,
  • Marília Dourado,
  • José Andrade

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i3.12852
Journal volume & issue
Vol. 37, no. 3

Abstract

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Objetivos: Sistematizar e contribuir para o melhor conhecimento das características farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos medicamentos opioides disponíveis em Portugal para o tratamento da dor não oncológica e, desta forma, contribuir para a escolha mais informada e adaptada ao doente, o que permitirá potenciar a eficiência, reduzindo a incidência de efeitos adversos. Métodos: Realização de uma revisão narrativa da bibliografia sobre esta temática, utilizando os termos Medical Subject Headings (MeSH) Analgesics, Opioid e Pharmacology, Clinical. Foram também utilizados os resumos das características do medicamento de todos os opioides disponíveis em Portugal, assim como as características farmacocinéticas e farmacodinâmicas destes medicamentos registadas no DrugBank. Resultados: Selecionados 22 artigos para leitura, dos quais 14 são revisões da literatura, quatro manuais de referência e quatro normas de orientação clínica, para além da utilização das bases de dados do INFARMED e do Drugbank. No envelhecimento há uma diminuição de cerca de 50% da taxa de filtração glomerular dos 40 até aos 70 anos, obrigando a reduções de dose e cuidados especiais na utilização de fármacos eliminados por esta via, sendo que no caso dos opioides os únicos que não têm eliminação renal são a hidromorfona e a buprenorfina. São igualmente mais frequentes a obesidade central e o aumento da α1-glicoproteína ácida, aumentando o volume de distribuição de fármacos lipossolúveis e de bases, como são os opioides, sendo que os únicos que não são lipossolúveis são a morfina e a hidromorfona. Relativamente ao metabolismo, para além de ocorrer uma diminuição do metabolismo de fase 1, a polifarmácia nos idosos é mais frequente, pelo que poderão ser preferencialmente escolhidos os opioides com metabolismo de fase 2, como o tapentadol, a hidromorfona e a morfina. Conclusões: O reconhecimento das características individuais de cada doente idoso, associado ao conhecimento da farmacologia básica de cada opioide disponível em Portugal, poderá garantir maior segurança e salvaguardar uma maior adesão à terapêutica.

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