Alfa: Revista de Lingüística (Jul 2010)
Um estudo semântico enunciativo da corrupção em dicionários e documentos governamentais
Abstract
<p>Descolamos sentidos da palavra corrupção, seu funcionamento e circulação, privilegiadamente no espaço enunciativo jurídico. Abordamo-la como acontecimento, sob o foco da linguística enunciativo-discursiva, envolvendo questões de ordem histórica, política e social. A pertinência da pesquisa parte do fato de que já são aceitos (pelo povo ou pelo Estado) sentidos “não criminais” para o termo. Eles não mais condizem com a memória de desprezível, evidenciado sobremaneira no caso “mensalão”, demonstrando a não transparência da língua, a sua plasticidade polissêmica, a sua constituição política, a sua configuração opaca, bem como seu equívoco indissociável do acontecimento. Mobilizamos para esta visualização, o dispositivo teórico da Semântica do Acontecimento, ancilar à Semântica Histórica da Enunciação e à Analise de Discurso francesa. Tal postura determina a articulação entre teoria e <em>corpus</em> por meio do <em>a priori</em> da história. Nosso procedimento evidenciará uma língua erudita que pode designar a palavra “corrupção” a partir de seu funcionamento, que se pauta no rol das leis jurídicas e desvela uma performatividade.</p>