Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (Mar 2006)
Depressão como fator de risco de morbidade imediata e tardia pós-revascularização cirúrgica do miocárdio Depression as a risk factor for early and late morbidity after coronary artery bypass surgery
Abstract
OBJETIVO: Avaliar a presença de sintomas de depressão no pré-operatório, no pós-operatório imediato (POI) e pós-operatório tardio (POT) de pacientes com indicação eletiva de cirurgia de revascularização do miocárdio e seu impacto na morbidade pós-operatória imediata e tardia. MÉTODO: Cinqüenta e oito pacientes internados na Enfermaria de Cirurgia Cardíaca para realização de operação eletiva de revascularização do miocárdio responderam ao Inventário de Depressão de Beck, antes da operação (fase I), antes da alta hospitalar (fase II) e três meses após a alta (fase III). A média de idade dos pacientes foi 61,2 (34 a 78 anos; DP:10,1), 34 (58,6%) eram homens, 31 (55,4%) com infarto prévio, 35 (62,5%) com fração de ejeção maior que 40% e 19 (33%) diabéticos. RESULTADOS: Doze (20,7%) pacientes apresentaram sintomas de depressão na fase I, 13 (23,6%), na II e 4 (9,8%), na III. Dezoito (31,0%) pacientes apresentaram complicações no POI, 17 (34,0%), no POT. Complicações no POI ocorreram com maior freqüência em pacientes mais velhos (idade superior a 65 anos; p=0,003), com pelo menos três vasos revascularizados (p=0,001) e com depressão na fase I (p=0,011). Quando estas variáveis foram associadas às complicações presentes no POT, houve significância para o sexo feminino (p=0,006) e depressão na fase II (p=0,008). Pacientes do sexo feminino apresentaram mais sintomas de depressão durante a internação (p=0,04). CONCLUSÃO: Idade superior a 65 anos, sexo feminino, pelo menos três vasos revascularizados e sintomas de depressão durante a internação mostraram-se associados a maior número de complicações no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio devem ser avaliados em relação à depressão e tratados se necessário, uma vez que esta pode estar associada a complicações no pós-operatório.OBJECTIVE: To assess presence of symptoms of depression in the in the preoperative period, immediate postoperative period (IPP) and in the late postoperative period (LPP) in patients with coronary artery disease undergoing bypass surgery and its impact on early and late postoperative morbidity. METHOD: Fifty-eight inpatients waiting to undergo an elective bypass surgery completed the Beck Depression Inventory (BDI) before surgery (Period I), after surgery just before hospital discharge (Period II) and three months later (Period III). Patients mean age was 61.2 (34 to 78 years; SD: 10.1), 34 (58.6%) were male, 31 (55.4%) had a history of infarction, 35 (62.5%) had ejection fraction >40% and 19 (33.0%) had diabetes. RESULTS: Depression symptoms were identified in 12 (20.7%) patients in Period I, 13 (23.6%) in Period II and four (9.8%) in Period III. Eighteen (31.0%) patients had complications in the IPP, 17 (34.0%) in the LPP. IPP complications were more frequent for older patients (more than 65 years; p=0.003), with at least three grafts (p=0.001) and depression in Period I (p=0.011). When those variables were associated with complications on the LPP, there was a significant difference for females (p=0.006) and depression in Period II (p=0.008). Female patients had more depression symptoms while staying in hospital (p=0.04). CONCLUSION: More than 65 years, females, three or more grafts and depression symptoms in the postoperative period were associated with more complications after bypass surgery. Patients undergoing bypass surgery should be carefully monitored for depression and treated if necessary since it may be associated with complications after surgery.
Keywords