Letras de Hoje (Jan 2004)
Em busca de um conceito de língua em Teorias da Enunciação
Abstract
Inventar e reinventar a língua implica conceber a possibilidade de um sujeito (entendido aqui como aquele que se institui como tal em um ato de enunciação) agir com e sobre a língua. A constituição da identidade desse sujeito pressupõe o reconhecimento do outro, num processo de intersubjetividade, por natureza condicionada à dialogicidade, princípios basilares do processo enunciativo. Os estudos lingüísticos pós-saussurianos, que nas últimas décadas se têm ocupado da atividade lingüística e compõem a chamada lingüística da enunciação, têm recebido, por suas diferenciadas abordagens dessa atividade, múltíplas sitematizações: Bakhtin o fez pela proposição da tese do diálogismo lingüístico e pelas formas da voz de outrem; Benveniste, pela proposição da subjetividade na língua, analisando os indicadores de subjetividade e sistematizando o aparelho formal da enunciação. Recortes bakhtinianos e benvenistianos entendidos nesta busca como complementares para a definição de uma concepção lingüística capaz de dar conta do processo interlocutivo constituem, pois, o objeto de estudo deste artigo