Revista Brasileira de Educação Médica (Feb 2020)

Fatores Associados aos Níveis de Fadiga e Sonolência Excessiva Diurna em Estudantes do Internato de um Curso de Medicina

  • André Luiz de Lucena Vaz,
  • Vinícius Oliveira Gléria,
  • Cunha Fialho Cantarelli Bastos,
  • Ivone Félix de Sousa,
  • Antonio Márcio Teodoro Cordeiro Silva,
  • Rogério José de Almeida

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190150
Journal volume & issue
Vol. 44, no. 1

Abstract

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Resumo: Introdução: O objetivo deste estudo foi mensurar os níveis de fadiga e SED em estudantes internos de um curso de Medicina, bem como analisar os fatores sociodemográficos e pessoais associados. Métodos: Trata-se de um estudo transversal analítico com abordagem quantitativa. Os participantes da pesquisa foram alunos do internato da PUC Goiás, período que corresponde aos dois últimos anos de curso. Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizaram-se três instrumentos: um questionário sociodemográfico com perguntas direcionadas ao fenômeno investigado, a Escala de Sonolência de Epworth (ESE) e a Escala de Fadiga de Chalder. Resultados: Foram incluídos na pesquisa 116 estudantes internos do curso de medicina da PUC Goiás. A média de idade foi de 24,3 (±8,4) anos. Quanto ao sexo, 31,9% da amostra foi composta pelo sexo masculino, e 68,1%, feminino. Quando se analisou o nível de fadiga, observou-se a presença considerável de fadiga em 99 (85,3%) dos internos. Na comparação entre fadiga e os aspectos sociodemográficos, constatou-se que a variável sexo obteve associação significativa, com maiores escores em alunos do sexo feminino (p = 0,035). Já na comparação da fadiga com os aspectos pessoais, observou-se associação significativa da fadiga com os que afirmaram: praticar atividades físicas raramente (p = 0,0038), praticar atividade artística às vezes (p = 0,034), fazer atividade turística às vezes (p = 0,022), ter doença psiquiátrica (p = 0,0006), ter dificuldades para dormir (p < 0,0001), não ser fumante (p = 0,011), fazer uso de substâncias que alteram o sono (p = 0,028) e não estar satisfeito com o próprio rendimento acadêmico (p < 0,0001). Quanto à análise da sonolência excessiva diurna, perceberam-se níveis consideráveis de sonolência em 62 (53,4%) dos estudantes, e o escore médio entre os internos participantes foi de 11,2. Na comparação dos aspectos sociodemográficos dos participantes do estudo com os níveis de SED, identificou-se maior escore no sexo feminino (p = 0,041). Quando se comparou a SED com os aspectos pessoais dos estudantes, observou-se associação significativa entre os alunos que referiram ter dificuldade para dormir (p = 0,039) e aqueles que não estavam satisfeitos com o próprio rendimento acadêmico (p = 0,027). Por fim, a análise de correlação de Pearson foi realizada entre os níveis de fadiga e os níveis de SED dos 116 estudantes internos de medicina pesquisados e identificou com significância estatística uma moderada correlação positiva (r = 0,3779) entre esses dois agravos (p < 0,0001). Conclusão: Os dados apontaram que aspectos sociodemográficos e pessoais dos discentes exercem influência direta sobre os seus níveis de fadiga e SED. Tal evidência é de suma relevância, já que fadiga e SED podem trazer consequências negativas para os acadêmicos. Um melhor conhecimento da associação positiva entre fadiga e SED, bem como os fatores associados a esses agravos, permite uma abordagem dessa problemática por parte das instituições de ensino superior, visando aos melhores desfechos na qualidade de vida dos discentes e futuros profissionais médicos.

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