Revista Linguística (Nov 2022)

O comportamento dos pronomes possessivos seu(s); sua(s); dele(s) e dela(s) na recuperação de seus antecedentes

  • Bruna Clara Santos de Almeida,
  • Rafael Dias Minussi

DOI
https://doi.org/10.31513/linguistica.2021.v17n3a50239
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 3
pp. 60 – 81

Abstract

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Este artigo faz uma descrição e análise dos pronomes possessivos seu(s), sua(s), dele(s) e dela(s), tomando como base o Princípio B da teoria de Regência e Ligação (Govermment and Binding) (CHOMSKY, 1981), segundo o qual o pronome tem que estar livre em sua categoria de regência, isso significa que os pronomes não precisam de antecedentes, mas quando os possuem, esses não podem c-comandá-los dentro de sua categoria de regência. Entretanto, em alguns casos os pronomes possessivos seu(s); sua(s); dele(s) e dela(s) parecem ser ligados, como nas sentenças: [Pedroi considera seui óculos] o mais bonito; Felipe acha [Gabrielai orgulhosa delai]. Por meio de dados retirados do corpus do projeto SP2010, transcrito pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Sociolinguística da USP, coordenado pelo Prof. Dr. Ronald Beline, identificamos que os pronomes possessivos seu(s), sua(s), dele(s) e dela(s) não atuam como prevê o Princípio B da Teoria da Ligação. A partir da perspectiva da Morfologia Distribuída, sugerimos que tais pronomes são subespecificados, porém os pronomes seu(s) e sua(s) parecem ser mais subespecificados do que dele(s) e dela(s), já que possuem vários tipos de antecedentes: 3ª pessoa, 2ª pessoa, 2G e 3G ocasionando o fenômeno de sincretismo, pois esses antecedentes possuem mais de um traço sintático-semântico, sendo retomado pelo mesmo conteúdo fonológico. Os pronomes seu(s), sua(s), dele(s) e dela(s) parecem possuir os traços [+anafórico, +pronominal], pois se comportam tanto como pronomes quanto como anáforas, sendo o seu(s) e sua(s) aparentemente mais anafóricos e dele(s) e dela(s) mais pronominais.

Keywords