Energeia (Oct 2024)

Que estandardização para o português: pluricêntrica ou panlusófona?

  • Augusto Soares da Silva

DOI
https://doi.org/10.55245/energeia.2024.002
Journal volume & issue
no. IX

Abstract

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O português é uma língua pluricêntrica com duas variedades nacionais bem estabelecidas – português europeu (PE) e brasileiro (PB) – e variedades em desenvolvimento, como o português moçambicano (PM) e angolano (PA). Pretendemos responder à questão normativa e política de saber se a estandardização mais adequada para o português no século XXI é o modelo pluricêntrico de várias normas padrão, cada uma com a sua própria dinâmica, ou o modelo panlusófono de uma norma padrão supranacional, como português internacional/global, ou ainda a combinação dos dois modelos. Primeiramente, analisaremos os processos passados e atuais de estandardização formal e informal do português, a estandardização endo(exo)normativa do PB e o papel da TV Globo na endonormatividade informal, o bicentrismo divergente PB-PE letometricamente confirmado e as suas (as)simetrias, quer a endonormatividade mais completa do PE quer a maior influência atual do PB, e os processos de nativização das variedades africanas, marcados pelos contactos com as línguas bantu e pela exonormatividade do PE, especialmente a nativização mais avançada do PM e o forte aumento populacional previsto para Angola e Moçambique. Discutiremos, seguidamente, os modelos de estandardização pluricêntrica e panlusófona do português, as suas oportunidades e as suas ameaças, e apontaremos orientações para a sua operacionalização. Assumindo a perspetiva da sociolinguística cognitiva sobre pluricentrismo e com base nos nossos estudos sociocognitivos e letométricos sobre o pluricentrismo do português, argumentaremos em favor da maior adequação e necessidade de uma plena e sociocognitivamente orientada estandardização pluricêntrica do português, que pode servir de base para uma norma panlusófona, especialmente útil para a internacionalização do português.

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