Revista Portuguesa de Cardiologia (Jan 2015)

Relação entre a frequência cardíaca de recuperação após teste ergométrico e índice de massa corpórea

  • Tereza Cristina Barbosa Lins,
  • Lucila Maria Valente,
  • Dário Celestino Sobral Filho,
  • Odwaldo Barbosa e Silva

Journal volume & issue
Vol. 34, no. 1
pp. 27 – 33

Abstract

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Resumo: Fundamento: Declínio atenuado da frequência cardíaca após teste ergométrico é considerado preditor de mortalidade cardiovascular, por refletir disfunção autonômica vagal. Objetivo: Avaliar a relação entre índice de massa corpórea (IMC) e recuperação da frequência cardíaca após teste ergométrico. Métodos: Foram incluídos registros de 2.443 pacientes de ambos os sexos, entre 20‐59 anos, em ritmo sinusal, sem uso de cronotrópicos negativos e sem resposta isquêmica miocárdica ao teste ergométrico realizado em clínica especializada, entre 2005‐2011. O IMC foi categorizado como: normal (18,5 kg/m2 30 kg/m2). A recuperação da frequência cardíaca após esforço, obtida pela diferença entre a máxima no esforço e no 1.° minuto da recuperação, foi comparada entre grupos de IMC. Foi considerada atenuada quando ≤ 12 bpm. Resultados: Oitenta e sete (3,6%) pacientes registraram recuperação atenuada, sendo três vezes maior no grupo de obesos e duas vezes no de sobrepeso, quando comparados ao grupo adequado (p 30 kg/m2). The different BMI groups were compared in terms of HR recovery after exercise, which was calculated as the difference between maximum HR during exercise and in the first minute of recovery. Recovery was considered impaired when the difference was ≤12 bpm. Results: Eighty‐seven (3.6%) patients presented impaired recovery, which was three times more prevalent in the obese group and twice as prevalent in the overweight group compared with the normal group (p<0.001 and p=0.010, respectively). Obese patients presented higher basal HR and lower maximum HR, as well as reduced chronotropic reserve (p<0.001). In multivariate analysis, impaired HR recovery was associated with overweight (relative risk [RR]=1.8; p=0.035), obesity (RR=2; p=0.016), number of metabolic equivalents (RR=0.82; p<0.001) and resting HR (RR=1.05; p<0.001). The hazard ratio for hypertension was 2 (p=0.083, NS). Conclusion: Impaired HR recovery was associated with higher BMI, demonstrating that obese individuals present vagus nerve dysfunction. Palavras‐chave: Teste de exercício, Obesidade, Sistema nervoso autônomo, Frequência cardíaca/recuperação, Keywords: Exercise test, Obesity, Autonomic nervous system, Heart rate/recovery