Revista Brasileira de Educação Médica (Nov 2020)

Desafios do Brincar com Idosos: Narrativas de Estudantes de Medicina do Programa Amigos do Sorriso

  • Michele Cheh Hui Liang Chung,
  • Mayara Bosquê Marangon,
  • Willian Fernandes Luna,
  • Roseli Vernasque Bettini,
  • Renata Keiko Watanabe,
  • Mariana Miki Shiroma

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.4-20200217
Journal volume & issue
Vol. 44, no. 4

Abstract

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Resumo: Introdução: O programa de extensão Amigos do Sorriso foi construído a partir da compreensão da extensão universitária como integrante da formação dos estudantes, ao proporcionar vivências e trocas na aproximação entre a academia e a sociedade em geral. Os participantes são estudantes da área da saúde e desenvolvem atividades lúdicas com foco no processo de humanização, na educação em saúde e nos seus efeitos multiplicadores. Desde 2010, o programa realiza atividades quinzenais numa instituição de longa permanência para idosos (Ilpi), com o objetivo de oportunizar momentos lúdicos, com estratégias criativas e comunicativas, no sentido de ressignificar a velhice por meio do brincar. Este artigo tem como objetivos descrever as vivências e compreender quais foram os aprendizados desenvolvidos pelos estudantes de Medicina nesse âmbito. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida a partir de 13 narrativas redigidas entre 2018 e 2019 por estudantes de Medicina que participaram das atividades lúdicas na Ilpi. Realizou-se análise temática de conteúdo dos materiais em diálogo com os referenciais teóricos e a literatura relacionada. Resultados: As três categorias temáticas foram: o brincar com o idoso, construção artesanal da comunicação e partilha entre gerações sobre o envelhecer. Os extensionistas discutiram as diversas formas do brincar, sua relação com a promoção da saúde e as especificidades de desenvolver atividades lúdicas com o idoso. Utilizaram diversas formas de comunicação para interação com os idosos, conversando, ouvindo e contando histórias e respeitando os silêncios, o que provocou encontros e desencontros, todos disparados pelo brincar. Discutiram sobre o processo de envelhecimento, a saúde do idoso, a velhice asilar e o próprio encontro de gerações por meio do qual puderam refletir sobre si mesmos. Conclusões: As atividades na Ilpi proporcionaram aos estudantes a percepção da potência das estratégias lúdicas, promotoras da autonomia e saúde, sem infantilização dos idosos. Possibilitaram o reconhecimento de estratégias para aproximação e vínculo, respeitando limites individuais e coletivos, ao compartilharem histórias e sentimentos de forma empática. Dessa forma, destaca-se o desenvolvimento de competências para o futuro médico, tanto gerais como para o cuidado com as pessoas idosas, no reconhecimento de que todos estão envolvidos no universo do florescer do envelhecimento.

Keywords