Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ALOIMUNIZAÇÂO ERITROCITÁRIA APÓS TRANFUSÂO DE CONCENTRADO DE HEMÁCEAS EM PACIENTES ATENDIDOS NOS HOSPITAIS EM BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS
Abstract
Objetivos: Descrever os anticorpos identificados na aloimunização eritrocitária em pacientes que receberam transfusão de concentrado de hemácias (CH) em Belo Horizonte. Adicionalmente, busca-se analisar a relação entre a aloimunização e variáveis como sexo, idade e número de transfusões de CH recebidas. Material e métodos: : Foram avaliados os pacientes atendidos nos diversos hospitais de Belo Horizonte, pela Vita Hemoterapia, que receberam transfusões de CH e que desenvolveram aloimunização. Os dados foram coletados, a partir dos registros do sistema informatizado e NotiVisa, referentes a sexo e idade do paciente, número de transfusões recebidas antes da aloimunização e o tipo de anticorpo identificado, através da técnica de gel centrifugação. A análise estatística foi conduzida para avaliar a prevalência de aloimunização e sua associação com as variáveis estudadas. Resultados: : Entre o período de dezembro de 2022 a dezembro de 2023, foram identificados 73 pacientes que desenvolveram aloimunização após receberem transfusão de CH. Em relação a população analisada, foram identificados 31 (42,4%) pacientes do sexo masculino e 42 (57,5%) do sexo feminino, com média de idade de 63,5 anos. Ao analisarmos o número de CH transfundidos previamente à aloimunização, identificamos que 51 (69,9%) pacientes receberam entre 2 e 10 transfusões de CH e 12 (16,4%) foram aloimunizados após exposição de mais de 10 CH. Os demais foram aloimunizados após 1 transfusão de CH apenas. Dentre os anticorpos identificados, observamos que 61(49%) foram os pertencentes ao sistema RH e 16 (13%) pertencentes ao sistema Kell. Destes pacientes, 32 (44 %) desenvolveram múltiplos anticorpos, sendo a combinação mais frequente os anticorpos anti-Indeterminado e anti-E (34,3%), e 21,8% referente as combinações: anti- Indeterminado + anti-C, anti -E + anti-C e anti -K + anti- E na mesma proporção. Discussão: : Estimam-se as frequências em 1 a 2% em pacientes internados em hospitais gerais, 5% ou mais em pacientes politransfundidos e 20% ou mais em pacientes com doenças dependentes de transfusão. Os resultados obtidos nesse estudo estão de acordo com os resultados descritos na literatura. Em nosso estudo observamos uma maior prevalência na aquisição dos anticorpos entre os pacientes que receberam entre 2 e 10 CH. E sendo os anticorpos mais prevalentes do sistema RH e Kell. Não identificamos relação da presença dos anticorpos relacionados a idade ou sexo . Conclusão: Os resultados preliminares indicam que a prevalência de aloimunização eritrocitária em pacientes transfundidos nos hospitais de Belo Horizonte é significativa. A análise dos dados revela correlações importantes entre a aloimunização e fatores como o número de CH recebidas e o tipo de anticorpo identificado e fornece informações importantes a serem direcionadas para fenotipagem das bolsas mediante ao perfil dos pacientes atendidos. Esses achados ressaltam a importância de uma gestão rigorosa das transfusões sanguíneas e do monitoramento de anticorpos em pacientes cronicamente. Estudos adicionais são necessários para aprofundar a compreensão dos mecanismos subjacentes à aloimunização e desenvolver estratégias preventivas eficazes.