Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
IMPACTO PSICOSSOCIAL DAS DOENÇAS HEMATOLÓGICAS PARA PACIENTES E SEUS FAMILIARES: REVISÃO DE LITERATURA
Abstract
Objetivos: Analisar a repercussão psicossocial das doenças hematológicas sobre os pacientes e seus familiares, analisando as diferentes dimensões emocionais, sociais e psicológicas por essas condições, a fim de compreender as experiências subjetivas desses indivíduos, incluindo o estresse emocional, o enfrentamento das adversidades, as mudanças nas dinâmicas familiares e o impacto na qualidade de vida. Material e métodos: Trata-se de uma revisão de literatura realizada pela análise de estudos publicados entre os anos de 2019 e 2023, escritos na língua inglesa e portuguesa, obtidos através da base de dados Pubmed. Os descritores utilizados na pesquisa estão de acordo com o Sistema de Descritores em Ciências da Saúde e são respectivamente “doenças hematológicas”, “impacto psicossocial” e “estrutura familiar”. Resultados: É demonstrado por diversos estudos que existe um risco aumentado do desenvolvimento de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes hematológicos. Acredita-se que fatores como a gravidade da doença, suporte social e familiar e aderência ao tratamento impactam o desfecho psicológico dos pacientes, o que tem recebido importância por seus efeitos em qualidade de vida. Percebe-se que a tendência ao desenvolvimento da depressão, por exemplo, pode apresentar-se elevada mesmo após mais de uma década de diagnóstico, o que requer atenção para um cuidado psicológico continuado em pacientes hematológicos. Além disso, apesar da maior prevalência de depressão, outros transtornos psiquiátricos, como a distimia e transtorno de adaptação podem ocorrer e são complicações subdiagnosticadas em pacientes. Discussão: O impacto psicossocial das doenças hematológicas sobre os pacientes e seus familiares é significativo e multifacetado. Essas condições podem acarretar e/ou intensificar uma ampla gama de emoções, como medo, ansiedade e depressão, devido às associações relacionadas ao diagnóstico, tratamento e prognóstico, além da preocupação com a mortalidade. Os pacientes e seus parentes enfrentam desafios diários, desde a adaptação a sintomas físicos, por exemplo, fadiga, dor e fraqueza, e efeitos colaterais dos tratamentos, até o impacto na adaptação a atividades cotidianas. Concomitante a isso, é pertinente inferir que tratamentos intensivos, como a quimioterapia e transplantes, podem exigir internações hospitalares prolongadas, afastamento do trabalho e afetar a autonomia e a independência dos pacientes. Portanto, as mudanças na rotina e as restrições nas atividades sociais podem resultar no isolamento social e no comprometimento da qualidade de vida. No que diz respeito aos familiares, muitas vezes eles assumem o papel de cuidadores, lidando com o apoio emocional e os cuidados médicos, consequentemente essa responsabilidade adicional pode resultar em sobrecarga emocional e impacto negativo na sua própria qualidade de vida. Conclusão: Conclui-se que os pacientes acometidos por doenças hematológicas, assim como suas famílias, são afetados por uma variada gama de emoções, o que repercute de forma prejudicial, afetando a qualidade de vida desses indivíduos. Portanto, a compreensão das consequências emocionais, sociais e psicológicas dessas doenças é essencial para proporcionar um cuidado integral aos indivíduos, tornando necessário ampliar o suporte psicossocial oferecido aos enfermos e aos seus familiares, a fim de melhorar a saúde e o bem-estar de todas as partes.