Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Perfil dos pacientes portadores de doença renal crônica atendidos em ambulatório multidisciplinar e os fatores que interferem na sua adesão à terapia farmacológica.

  • Bartyra Lima de Almeida Leite,
  • Alline Mikaele Nunes Wildemberg Brauer

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2022.v1.s2.p.35
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s.2

Abstract

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Introdução: A adesão à terapêutica é imprescindível para o sucesso do tratamento, principalmente nas doenças crônicas como a renal (DRC). Avaliar a adesão é fundamental para compreender os fatores relacionados a resultados negativos e identificar medidas que visem a sua melhoria. Objetivos: Descrever o perfil dos pacientes portadores de DRC em um ambulatório multidisciplinar e identificar os fatores que influenciam na adesão a farmacoterapia. Método: Trata-se de um estudo de corte transversal com pacientes com DRC grau 4 e 5 não dialíticos atendidos em um ambulatório de nefrologia, no Hospital Universitário, SalvadorBahia. Para avaliar adesão foram utilizados a entrevista ao paciente e o teste de Morisky e Green (TMG). Resultados/Discussão: Foram atendidos 68 pacientes em 8 meses. Observouse que 41% (28/68) apresentaram problemas relacionados ao uso de medicamentos que impactavam diretamente na adesão. Destes, 61% (17/28) eram do sexo feminino com idade variando entre 19 e 90 anos. O nível de escolaridade variou muito entre os pacientes sendo 14,3% (4/28) analfabetos, 18% (5/28) fundamental completo, 21,4% (6/28) fundamental incompleto, 32,1% (9/28) ensino médio completo e 14,3% (4/28) superior completo. Dos 6 pacientes com nível superior, 4 deles não apresentavam boa adesão, o que sugere que, talvez, um maior nível de escolaridade não exerça impacto direto na adesão. Trinta e cinco porcento (24/68) dos pacientes possuíam algum tipo de deficiência sendo predominante a visual 71% (17/24). Tem-se que 100% (9/9) dos pacientes não aderentes com deficiência visual eram responsáveis pelo autocuidado, e os demais (8/17) tinham suporte da família ou cuidador o que impactou positivamente na adesão. No TMG observamos que apesar da alta pontuação, que os classificaria com boa adesão, 71% (20/28) dos pacientes não eram bons aderentes. Esse resultado demonstra que, isoladamente, a pontuação do teste não garante que o paciente possua bom nível de adesão. Fatores como deficiência visual, analfabetismo, confusão durante a explicação sobre o uso de seus medicamentos e omissão de doses são indicativos de que o paciente possui dificuldade em aderir ao tratamento. Conclusão: Evidenciou que parte dos pacientes atendidos apresentam problemas de adesão ao medicamento que pode impactar diretamente nos resultados esperados. Nesse contexto, o atendimento farmacêutico tem sido relevante para identificar as causas da não adesão e estabelecer estratégias para alcançar o uso adequado dos medicamentos.