Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PATOGÊNESE E TRATAMENTO DA LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA SECUNDÁRIA

  • LF Alves,
  • LM Tôrres,
  • ACA Oliveira,
  • MBS Nascimento,
  • GLS Cordeiro,
  • VTR Matos,
  • LLR Matos,
  • TC Rezende,
  • MLM Martins,
  • LKA Rocha

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S372

Abstract

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Introdução/Objetivos: A leucemia mieloide aguda secundária (LMA-2ª) está associada a um prognóstico ruim, com taxa de resposta clínica e sobrevida inferior em comparação à leucemia mieloide aguda primária (LMA-1ª). A LMA-2ª surge a partir de eventos epigenéticos causados por quimioterapia citotóxica, ou por distúrbios mielodisplásicos ou mieloproliferação. Clones leucêmicos são frequentemente quimiorresistentes, com mutações diferentes de acordo com sua etiologia, o que clama por terapias especificas para LMA-2ª. O presente trabalho tem como objetivo explorar a patogênese e os tratamentos disponíveis para LMA-2ª. Materiais e métodos: Foi realizada uma revisão de literatura sobre o tema na base de dados PUBMED a partir de janeiro de 2020. Foram utilizados os descritores Pathogenesis OR Treatment AND Secondary acute myeloid leukemia. A busca resultou em 1892 artigos. Foram excluídos artigos de opinião, relatos ou series de casos. Foram incluídos 27 artigos que abordaram a patogênese e o tratamento para LMA-2ª associado a desfechos clínicos. Discussão/Resultados: Em relação à patogênese, mutações como JAK2 V617F e BCR-ABL se refletem em alterações no TP53, RUNX1, SETBP1, reguladores epigenéticos e genes do spliceossomo. Essas alterações, junto com mudanças no microambiente da medula óssea, como neoangiogênese, alterações pró-inflamatórias e fibrose, causam instabilidade genômica que pode resultar em LMA-2ª. Além disso, quimioterapia com agentes alquilantes forma ligações cruzadas no DNA, provocando quebra das fitas no processo de reparo, enquanto os inibidores da topoisomerase II provocam translocações cromossômicas, como KMT2A em 11q23 e RUNX1 em 21q22. Essas aberrações genéticas em células-tronco hematopoiéticas conferem proliferação celular e sobrevida clonal, o que, eventualmente, pode ocasionar a emergência da LMA-2ª. O seu tratamento varia conforme a condição do paciente. Para aqueles que não possuem comorbidades associadas, a quimioterapia intensiva com citarabina e daunorrubicina tem sido a abordagem usual, com taxas de resposta clínica e sobrevida global em torno de 56%. No entanto, essa opção apresenta riscos, como toxicidade hematológica e infecções. Para os pacientes com comorbidades, a quimioterapia não intensiva, utilizando agentes hipometilantes, está relacionada com taxas de resposta baixa, cerca de 30%, porém com melhora na qualidade de vida. O transplante de células-tronco hematopoiéticas (alo-HTC) é uma alternativa para aqueles que respondem ao tratamento inicial, com taxa de sobrevida global ao redor de 46%, muito embora envolva maiores riscos, como mortalidade relacionada ao tratamento e doença enxerto versus hospedeiro. Além disso, terapias alvo e imunoterapia, tais como inibidores de IDH e FLT3, têm sido boas opções para pacientes com mutações específicas, apesar de ainda existirem importantes efeitos colaterais. Conclusão: A melhor estratégia terapêutica seria atingir a remissão completa seguida de alo-HTC. No entanto, a idade avançada, comorbidades e menor taxa de remissão limitam essa abordagem ideal a bem poucos pacientes. Deste modo, faz-se necessário que novas opções terapêuticas sejam investigadas, de forma que os pacientes acometidos pela LMA-2° tenham um melhor prognostico.