Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-128 - TENDÊNCIA TEMPORAL DA INCIDÊNCIA E MORTALIDADE DE LEISHMANIOSE VISCERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE DE JOINPOINT REGRESSION

  • Mariana Zanchetta Gava,
  • Helio Langoni,
  • Carlos Magno C.B. Fortaleza

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104052

Abstract

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Introdução: A leishmaniose visceral (LV) emergiu no Estado de São Paulo ao final da década de 1990 e sofreu expansão territorial desde então. As medidas de controle aplicadas (eutanásia de cães infectados, controle de vetores, uso de repelentes), pouco embasadas pela evidência científica, tiveram resultados incertos. Nesse contexto, é relevante analisar mudanças de tendências de incidência e mortalidade por LV. Objetivo: Identificar mudanças nas taxas de incidência e mortalidade por LV no Estado de São Paulo no período de 1999 a 2022. Método: Dados de incidência e mortalidade por LV foram obtivos em base de domínio público (www.cve.saude.sp.gov.br). Estes foram tabulados em periodicidade anual e submetidos a análise de Joinpoint Regression com transformação logarítimica no software Joinpoint 5.1 (National Institute of Cancer, Calverton, MD, USA). Essa análise tem como objetivo identificar alterações de tendências temporais (''joinpoints''). Resultados: A incidência e a mortalidade cumulativas no período foram de 8,1 e 0,8 por 100.000 habitantes. Em análise de Joinpoint, observou-se tendência de crescimento exponencial da incidência entre 1999 e 2006 (anual percent change [apc] = +22,4, p < 0,001), com redução posterior (apc = -7,96, p < 0,001). A mordalidade também apresentou um único ''joinpoint'' em 2004, alterando o crescimento (apc = +56,61, p = 0,02) para redução (apc = -4,25, p < 0,001). A letalidade manteve-se estável em torno de 10%. Conclusão: Diversas políticas públicas envolvendo controle de reservatório canino e vetores, além de educação da população, foram aplicadas em conjunto de forma desordenada ao longo das últimas décadas. Há uma modificação benéfica das tendências de incidência e mortalidade após 2004/2006, mas é difícil vinculá-la às medidas de controle aplicadas.