Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

DENGE ASSOCIADA À SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ

  • HS Lima,
  • LHL Bastos,
  • LHB Carmona,
  • ARL Alves

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S847 – S848

Abstract

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Introdução: Os arbovírus, como a dengue, são transmitidos por artrópodes hematófagos, como os mosquitos do gênero Aedes. A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, podendo se manifestar de forma leve ou grave. Entre as complicações graves, destaca-se a síndrome de Guillain-Barré, uma condição neurológica caracterizada por fraqueza muscular progressiva. Embora a associação entre dengue e síndrome de Guillain-Barré seja observada, a ocorrência de complicações neurológicas é rara. Objetivo: Este estudo tem como objetivo investigar a possível associação entre dengue e síndrome de Guillain-Barré. Materiais e métodos: Realizou-se uma revisão bibliográfica descritiva utilizando a plataforma Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Utilizou-se o operador booleano “AND” e os descritores DeCS/MeSH: (dengue) and (Guillain-Barre Syndrome) and (Neurological). Foram considerados artigos publicados entre os anos de 2013 a 2023. Os critérios de inclusão foram a relevância para o tema e a associação clara entre a dengue e a síndrome de Guillain-Barré. Resultados e discussão: Foram identificados seis estudos relevantes, dos quais cinco foram selecionados para análise. A síndrome De Guillain-Barré é uma condição rara que afeta o sistema nervoso, causando danos na mielina, a bainha protetora dos nervos. Essa desmielinização compromete a transmissão correta dos sinais nervosos, resultando em fraqueza muscular, dormência e paralisia. Embora a associação entre dengue e seja descrita, é importante ressaltar que complicações neurológicas síndrome de Guillain-Barré decorrentes da dengue são pouco frequentes. Isso pode ser explicado pelo fato de que o vírus da dengue possui menor afinidade pelo sistema nervoso central em comparação com outros arbovírus, como o vírus da Chikungunya e Zika. O processo fisiopatológico da síndrome de Guillain-Barré envolve mecanismos imunológicos, nos quais a resposta imune contra o agente infeccioso resulta na produção de anticorpos que atacam os nervos periféricos, desencadeando uma resposta inflamatória e a subsequente desmielinização. Os anticorpos que fixam o complemento, macrófagos e células T desempenham papéis importantes nesse processo inflamatório. O diagnóstico das manifestações neurológicas associadas à dengue é realizado por meio de testes que detectam anticorpos específicos, aumento nos títulos de anticorpos, detecção de antígenos virais ou fragmentos de RNA em amostras de sangue ou líquor. Além disso, a síntese intratecal de anticorpos antiespecíficos pode ser analisada para auxiliar no diagnóstico da síndrome de Guillain-Barré. Conclusão: Embora existam evidências sugerindo uma associação entre dengue e síndrome de Guillain-Barré, é importante destacar que complicações neurológicas decorrentes da dengue são raras. Isso pode ser atribuído à menor tendência do vírus da dengue em atacar o sistema nervoso central em comparação com outros arbovírus. A compreensão dessa associação e o estudo de seus mecanismos fisiopatológicos são importantes para o avanço no conhecimento e manejo clínico dessas condições.