Revista Geographia (Mar 2021)

UMA GEOGRAFIA POLÍTICA DO OURO: SOBRE FRONTEIRA, GARIMPEIROS E DESPOSSESSÃO NA VOLTA GRANDE DO XINGU

  • Josoaldo Lima Rego,
  • Andrei Cornetta

DOI
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2021.v23i50.a27222
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 50

Abstract

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Nas últimas duas décadas, poucas obras no Brasil deram margem a controvérsias e especulações tanto quanto a construção da Usina Hidroelétrica (UHE) Belo Monte, na Volta Grande do rio Xingu, estado do Pará. Atualmente, dois anos após o enchimento total dos reservatórios e do início da operação comercial da UHE, a população do Médio Xingu, particularmente aquela que se encontra no trecho de vazão reduzida da Volta Grande, continua sobre forte ameaça frente ao projeto de mineração de ouro em escala industrial. Valendo-se da vazão reduzida do rio, em decorrência da construção das barragens e de um garimpo de ouro em operação desde a década de 1940, uma mineradora canadense pretende exaurir, em pouco mais de uma década, a jazida de ouro que sustenta diversas famílias agroextrativistas há três gerações. Diante desta complexidade, o presente artigo discute, a partir de um olhar da geografia política, os aspectos relacionados à busca incessante de recursos materiais na Amazônia e seus desdobramentos em termos de despossessão e das disputas territoriais.

Keywords