Revista Espaço Acadêmico (Jun 2021)
Gênero:
Abstract
As mulheres que sofrem violência sexual são invisíveis, ou invisibilisada, portanto para ter seu direito reconhecido devem ser “localizadas”, “encontradas” ou virar visíveis ao Estado. O Brasil registra 180 casos de estupro por dia (IPEA, 2019). O Nordeste é uma das regiões do país que lidera esse ranking. Na contramão dessa realidade, o Maranhão é um dos estados com os menores índices desse tipo de violência. Em São Luís/MA existe a Casa da Mulher Brasileira. A Casa é a única do Nordeste em atividade, trata-se de um espaço público que concentra tanto serviços do poder judiciário, quanto serviços de atendimento psicossocial e inclusão ao mercado de trabalho. Este artigo, portanto, busca tencionar as categorias: Estado, Violência e Gênero, com o objetivo de pensar, a partir de uma perspectiva etnográfica, na capilaridade do serviço e na plasticidade dos seus administradores no uso das novas leis e novas formas de servir, além de pensar como as redes são construídas, como a instituição interpreta, gera e classifica a realidade da violência, além de moldar sujeitos aos seus processos, a partir da verificação do vestígio, construção da materialidade e indiciamento. Sendo movido pelas perguntas: Quem pode desejar o Estado? Como se formam as novas tecnologias de governo? E quais abusos podem ser compreendidos enquanto crime? A pesquisa estar ancorada nos diálogos da Antropologia da Política, Antropologia do Estado, Antropologia Jurídica e Antropologia do Corpo, Gênero e Sexualidade.