Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

AVALIAÇÃO DA DIFERENÇA ENTRE CONSUMO DE HEMOCOMPONENTES EM PERÍODOS EPIDÊMICOS DE DENGUE: ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 2008 A 2019

  • AVB Araújo,
  • ACNR Lima,
  • DG Britto,
  • ER Meneses,
  • GF Sá,
  • JVA Silva,
  • LCV Sales,
  • MFT Abreu,
  • RC Rebelo,
  • DS Oliveira

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S384 – S385

Abstract

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Objetivos: O estudo se detém em analisar, estatisticamente, a diferença entre a quantidade transfusões de sangue e de hemocomponentes, o número de casos e de óbitos por dengue, e a taxa de mortalidade por essa doença nos anos em que ocorreram e não ocorreram surtos dessa virose. Material e métodos: A presente produção foi elaborada a partir de um estudo transversal retrospectivo, com os boletins de hemovigilância do Ministério da Saúde dos anos de 2008 a 2019 e o boletim epidemiológico de casos e de óbitos por dengue no Brasil no mesmo período. Os dados foram analisados por meio do método Mann-Whitney. O intervalo de confiança utilizado foi de 95%. Os testes estatísticos foram realizados pelo software R versão 4.1.0. Resultados: As medianas relativas ao número de casos de dengue nos anos em que houveram e não houveram surtos de dengue foram, respectivamente, 1.450.000 casos e 580.000 casos (p-valor: 0,028). Com relação ao número de mortes por dengue, a mediana foi de 701 mortes nos anos em que ocorreram surtos e de 341 mortes nos anos em que eles não ocorreram (p-valor: 0,002). As outras variáveis analisadas, como a taxa de mortalidade por dengue, a quantidade de transfusões sanguíneas, de concentrados de hemácias e de plaquetas, a quantidade de plasma fresco congelado e de crioprecipitado, não tiveram significância estatística entre os anos de surto e de não surto de dengue, de modo que o p-valor dessas dessas variáveis foi de 0,34, 0,26, 0,26, 0,63 e 0,26, respectivamente. Discussão: Por meio dos resultados da pesquisa, foi revelado que apenas o número de casos de dengue e a quantidade de mortes causadas por essa doença mostrou diferença estatística nos dois grupos analisados, o que já era esperado. As outras variáveis analisadas no estudo não mostraram diferenças significativas nas duas populações. Esses resultados conflitam com os dados da literatura, os quais afirmam que há uma sobrecarga dos bancos de sangue em épocas de surtos de dengue, principalmente por não existirem guidelines baseados em evidências científicas confiáveis sobre a utilização de sangue e de seus derivados, o que pode resultar em uso inapropriados desses componentes. Conclusão: A partir do que foi exposto, depreende-se que, apesar do aumento do número de casos e de mortes por dengue nos períodos de surto, não há diferenças estatísticas entre as duas populações analisadas com relação a taxa de mortalidade por dengue, o número de transfusões, de concentrado de plaquetas e de hemácias, a quantidade de crioprecipitados e de plasma fresco congelado utilizados.