Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

CRISTAIS DA MORTE EM PACIENTE HEPÁTICA GRAVE COM SUSPEITA DE DENGUE HEMORRÁGICA: RELATO DE CASO

  • RA Martini,
  • RAT Takaes,
  • MF Barros,
  • DB Menin,
  • IP Roman,
  • LT Miranda,
  • MC Capelin,
  • VS Araújo,
  • MAF Chaves,
  • MT Suldofski

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S128

Abstract

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O aparecimento dos cristais da morte ainda não é bem entendido, as hipóteses atuais trazem que as inclusões azul-esverdeadas se originam da lipofuscina. Substância que é mais comumente encontrada em células com baixo potencial mitótico, mas que podem ser encontrados em neutrófilos, macrófagos hepáticos e células de Kupffer. Este relato de caso descreve um caso clínico de uma paciente atendida em um hospital público do oeste do Paraná. Relato de caso: Paciente feminina 29 anos, encaminhada de Guaraniaçu-PR pelo SAMU, admitida na sala de emergência do HUOP, com suspeita de Dengue hemorrágica, apresentando quadro de êmese com aspecto de borra de café e hemorragia gengival, relata ainda que 2 dias atrás anterior ao internamento, iniciou com dor retro orbital, febre, mialgia e fadiga, ainda relata que durante transporte realizado pela equipe do SAMU iniciou dor abdominal intensa e difusa. Os exames de admissão demonstraram anemia moderada, com hemoglobina de 8,6 g/dL e hematócrito de 26,1%, além de leucocitose com presença de 38% de neutrófilos bastonetes e 2% de metamielócitos. Apresentando plaquetopenia (contagem de plaquetas de 112.000/mm3), elevadas enzimas hepáticas com AST de 13:056 U/L e ALT de 8.447 U/L e também, lipase de 1.239 U/L. A paciente foi transferida para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde foi realizada uma endoscopia digestiva alta, constatando hemorragia gástrica aguda. Os exames laboratoriais de admissão na UTI demonstraram agravamento da anemia com hemoglobina de 7,1 g/dL e hematócrito de 22,7%, com diminuição das plaquetas para 88.000/mm3, neste momento foram observadas as inclusões azul-esverdeadas de lipofuscina nos neutrófilos, popularmente conhecidos como cristais da morte, além disso, apresentava tempo de protrombina (TAP) não coagulável ou com RNI maior que 25,0 e tempo de tromboplastina parcial ativada (KPTT) também não coagulável ou com tempo maior que 500 segundos, mantendo a alteração do quadro hepático e pancreático com AST de 11.550 U/L, ALT de 6.218 U/L e lipase de 1.171 U/L. A paciente evoluiu com piora progressiva, apresentando acidose lática de 10,10 e por fim evoluiu para óbito no mesmo dia de sua admissão. Os resultados de IgG, IgM e AgNS1 para dengue todos foram não reagentes, resultados estes que podem estar falsamente negativos, devido ao tempo de aparecimento dos marcadores e do início dos sintomas, que se deu 2 dias atrás conforme relato da paciente. Os cristais azul-esverdeados da “morte” são achados raros, e indicam mau prognóstico, estudos trazem que indivíduos que apresentaram esses cristais tiveram desfechos fatais em um período de 24 a 72 horas, a presença desse achado nos exames hematológicos é de grande importância para fornecer informações e auxiliar no planejamento adequado da conduta do tratamento. Ainda são necessários mais estudos e pesquisas para esclarecer o significado clínico desses cristais azul-esverdeados e desenvolver possíveis estratégias terapêuticas.