Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

RELATO DE CASO: LINFOMA DE CÉLULAS B EM MEDIASTINO COM METÁSTASE HIPOFISÁRIA E CONSEQUENTE HIPOPITUITARISMO

  • LO Maia,
  • GJC Moura,
  • JM Eduardo,
  • CA Bueno,
  • AHCS Vasconcelos

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S340

Abstract

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Objetivo: Relatar o caso de paciente com linfoma primário de mediastino que evoluiu com quadro de insuficiência hipofisária. Materiais e métodos: as informações foram obtidas via revisão do prontuário e da literatura. Relato do caso: C.M.S., 33 anos, iniciou quadro de prurido março de 2022, muito intenso e progressivo. Procurou imunologista que identificou baixa de imunoglobulinas IGM, IGG e IGA, e iniciou terapia de reposição, em hospital externo, porém mesmo com tal proposta terapêutica, o quadro evoluiu com sudorese intermitente, febre, tremores e astenia generalizada. Em dezembro de 2022 internou-se no HSPM com diplopia, confusão mental e perda do equilíbrio. Em tomografia computadorizada de crânio identificou se lesão expansiva em sela túrcica, provável acometimento secundário. Aos cuidados da neurologia, manteve investigação diagnóstica, descoberto na ocasião nódulos renais, pulmonares, esplênicos, mamários birads 3 e linfonodomegalia generalizada. Na mesma ocasião, identificou-se uma massa torácica anterior expansiva à direita, cuja biópsia com imunohistoquímica 30/01/23 revelou linfoma de grandes cel b de mediastino (alto grau) com CD20 e CD30 KI1 positivo. Em laboratórios, apresentou hipotireoidismo subclínico, insuficiência ovariana de causa central e diabetes insipidus (DI). Internou-se novamente em fevereiro de 2023 para iniciar quimioterapia, sendo realizado novos ciclos em março, abril e maio. Discussão: O linfoma não Hodgkin (LNH) é um grupo de neoplasias malignas do sistema linfático, e pode se desenvolver em várias partes desse sistema, incluindo gânglios, amígdalas, baço, medula óssea e outros. Neste caso, relata-se um linfoma de células B no mediastino, uma apresentação rara que ocorre em cerca de 2-3% de todos os LNH.A metástase para a hipófise é extremamente incomum nessa condição, com poucos relatos na literatura médica. A disseminação ocorre principalmente por via hematogênica ou linfática. Iniciou-se um tratamento de 6 ciclos de quimioterapia, com esquema que combina rituximabe, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona (R-CHOP), após 5 ciclos houve boa resposta terapêutica com resolução total das lesões renais e esplênicas e subtotal das linfonodomegalias retroperitoneais, em maio de 2023. A paciente segue em acompanhamento hematológico, em uso contínuo profilático de aciclovir, alopurinol e bactrim 3 vezes na semana. Além, de seguimento endocrinológico devido o hipopituitarismo e DI decorrentes da pan hipofisite na evolução do quadro. Conclusão: O caso descrito representa a apresentação e evolução raras de uma doença grave, com potencial de evolução para morte e sequelas importantes. A identificação e instituição oportuna de tratamento, com o melhor esquema de quimioterapia relatado na literatura médica, foi capaz de promover controle e regressão das lesões, e portanto, sintomatologia no caso apresentado. Essa evolução foi responsável por permitir uma considerável recuperação funcional para a paciente. A elaboração desse estudo observacional descritivo possui um impacto positivo na formação médica, através da sua capacidade de auxiliar profissionais de saúde na condução de casos semelhantes.