A FENOTIPAGEM ESTENDIDA DO GRUPO SANGUÍNEO DE DOADORES PODE SER UMA OPÇÃO VIÁVEL, SEGURA E ACESSÍVEL PARA SUPORTE TRANSFUSIONAL CRÔNICO

Abstract

A aloimunização, uma importante complicação, é variável entre diversas populações de receptores, em nosso serviço a porcentagem é de 5%. A prevalência de aloanticorpos pode ser diferente, mas os anticorpos para alguns antígenos do Sistema RH desempenham papel importante, seguidos pelos anticorpos dos sistemas Kell, Kidd e Duffy. Em nossa rotina, os anticorpos comuns são anti-E;-K;-Jka adicionado de anticorpo anti-CD38 passivo (terapia monoclonal). Esse trabalho demonstra como a fenotipagem estendida do grupo sanguíneo de doadores melhorou a segurança da transfusão de hemácias sendo viável e acessível. O Programa de Fenotipagem (PF) foi desenhado de acordo com a especificidade comum dos anticorpos encontrados em nosso banco de sangue e considerando a necessidade de hemácias fenotipadas profiláticas para pacientes em condições clínicas conhecidas por formação de anticorpos (hemoglobinopatias, anemia falciforme, talassemias, doenças hematológicas, entre outras). Foram fenotipados 30%‒40% de doadores dos grupos O e A RhD positivos, selecionados pela equipe por meio de informações do sistema de banco de sangue para o PF, sendo a primeira opção doadores de repetição (de 2 ou mais doações/ano), seguidos de doadores esporádicos (1 doação/ano) e na ausência de dos mesmos para completar o número de fenotipagens semanal, foram fenotipados doadores de primeira vez. Seguimos a estratégia de acordo com os comentários conjuntos ao FDA “Rotulagem de unidades de glóbulos vermelhos com resultados históricos de tipagem de antígenos”. Sendo assim, a rotina para fenotipagem dos concentrados de hemácia (CH) foi estabelecida em 2 etapas: 1) Sistema RH (C,c,E,e); 2) Fenotipagem de 30% para antígenos Jka,Jkb.Fya,Fyb (frequência de 0,09 a 0,12 da população total de doadores com hemácias fenotipadas para Rh/K), priorizando o R1R1 (DCCEe), K-; R0r (Dccee) K-; fenótipos R2R2 (DccEE) K-, otimizando a necessidade de transfusão versus o uso, analisando o custo. No período analisado de 2020 a 2022 foram fenotipadas 5538 CH e transfundidos 2058 CH. Em relação ao perfil de fenotipagem transfundido no ano de 2020 foram 42 K, 518 Rh (C,c,E,e); K e 59 Rh (C,c,E,e); K; Jka,Jkb e/ou Fya,Fyb estendido. Em 2021 foram 58 K, 420 Rh (C,c,E,e); K e 173 Rh (C,c,E,e); K; Jka,Jkb e/ou Fya,Fyb estendido e em 2022 40 K, 621 Rh (C,c,E,e); K e 127 Rh (C,c,E,e); K; Jka,Jkb e/ou Fya,Fyb estendido. Em relação aos doadores, dados expressos em média, em 2020, foram 21,70% doadores de repetição, 7,90% doadores esporádicos e 70,30% doadores de primeira vez. Em 2021 foram 28% de doadores de repetição, 9,40% doadores esporádicos e 62,70% doadores de primeira vez. Em 2022 36,70% de doadores de repetição, 10,30% doadores esporádicos e 53,20% doadores de primeira vez. Após a consolidação do PF em 2021 foram criadas metas para indicadores estratégicos onde o percentual de hemácias fenotipadas deve ser menor ou igual ao percentual de hemácias transfundidas. O PF demonstrou ser eficaz provendo hemácias fenotipadas para pacientes aloimunizados e com transfusão crônica que abordam a necessidade de transfusão segura, atendendo com sucesso as solicitações de transfusões. O custo para 5.538 unidades CH foi de R$ 3.627,52, pois para algumas hemácias fenotipamos Rh/K e para outras adicionamos o perfil estendido Jka,Jkb e/ou Fya,Fyb, o retorno financeiro foi de R$ 5.6924,76, interessantemente demonstrando que o PF conseguiu se autossustentar na proporção de 1,57 quando analisado custos versus retorno.