Cadernos de Campo (Jan 2010)
Sistema eleitoral, mecanismo de ballotage e a fragmentação política na Argentina
Abstract
O objetivo deste artigo é analisar as transformações do sistema partidário argentino e suas implicações para os processos eleitorais, tomando como base empírica a eleição presidencial de 2007. Neste pleito verificou-se uma ampla fragmentação da oposição, que resultou numa disputa com 13 postulantes à presidência contra a candidata situacionista Cristina Kirchner. Este pleito representou um significado especial para o sistema de partidos, os quais foram marcados por divisões internas e diferentes candidaturas de uma mesma agremiação, bem como alianças inéditas entre peronistas e radicais, partidos que, historicamente, conformaram a polarização política argentina. As mudanças ocorridas no sistema partidário argentino serão interpretadas em dimensão histórica, buscando-se compreendê-las dentro de uma temporalidade mais ampla. Após investigar as possíveis causas de tamanha fragmentação partidária, buscarse- á verificar suas conseqüências para o sistema partidário e, mais especificamente, para as disputas eleitorais, com especial interesse em averiguar se aí reside a chave explicativa para a vitória de Cristina Kirchner no primeiro turno. Finalmente, analisarse-á se as mudanças que atingiram o sistema representativo argentino resultaram de um deslocamento de uma democracia de partidos para uma democracia do público ou verificou-se, efetivamente, uma crise de representação.