Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
PERFIL CLÍNICO E TERAPÊUTICO DAS LEUCEMIAS MIELÓIDES CRÔNICAS EM FASE CRÔNICA ASSISTIDAS EM SERVIÇO DE HEMATOLOGIA
Abstract
Objetivo: Descrição da experiência dos últimos 8 anos de acompanhamento, diagnóstico e terapêutica de pacientes com leucemia mielóide crônica (LMC) em serviço médico de hematologia & hemoterapia no interior do estado de São Paulo. Material e métodos: Estudo descritivo, retrospectivo e observacional realizado a partir de dados obtidos por meio da análise de prontuários eletrônicos de portadores de LMC em fase crônica admitidos e atendidos de janeiro de 2012 (ano de implantação do sistema de prontuários eletrônicos nesta instituição) a dezembro de 2020 em serviço médico especializado em hematologia do interior paulista. Incluídos pacientes vivos, maiores de 18 anos, com confirmação laboratorial-genética-molecular e tempo mínimo de seguimento de 2 anos. Excluídos pacientes que evoluíram a óbito previamente à coleta de dados e pacientes em crise blástica ou fase acelerada. Os pacientes foram estratificados com score de Sokal (Blood 63:789, 1984), sendo tratados com imatinibe em 1ªlinha e com nilotinibe ou dasatinibe caso intolerância ou resistência. Dados comparados com informações disponíveis na literatura científica especializada, obtida nas bases de dados Medline (acessada via PubMed), Scielo, Scopus, Lilacs e Cochrane Library. Resultados: 32 pacientes, 22/32 masculinos (68,75%) e 10/32 (31,25%) femininos, preencheram critérios de inclusão para participar deste estudo. Mediana de 54,76 anos (extremos etários de 35 a 73 anos); 28/32 (87,5%) pacientes se apresentavam assintomáticos ao diagnóstico, sendo referenciados ao hematologista por alterações sugestivas ao hemograma, e 18/32 (56,25%) portavam algum grau de esplenomegalia ao exame clínico admissional. Ao score de Sokal, 20/32 (62,5%) participantes apresentaram risco baixo, 10/32 (31,25%) intermediário e 2/32 alto. 14/32 (43,75%) indivíduos necessitaram trocar fármaco de 1ªlinha para de 2ªlinha por resistência a droga e 3/32 (9,37%) por toxicidade ao imatinibe. 16/20 (80%) pacientes de baixo risco, após 7 anos de seguimento pós-diagnóstico, apresentaram resposta “ótima” de tratamento de primeira linha, mantendo inibidor de tirosina-quinase por tempo indeterminado. 15/32 pacientes (46,87%) fizeram uso de nilotinibe, sendo que, todos os membros dessa população, fizeram seguimento mínimo de 5 anos e todos alcançaram resposta molecular maior em 13/15 casos (86,66%) e resposta molecular completa em 2/15 indivíduos (13,33%). Discussão: Assim como também relatado na literatura científica especializada, pacientes em fase crônica da LMC tem frequentemente boa resposta e tolerabilidade ao uso de inibidores de tirosina-quinase. O score de Sokal constitui importante ferramenta de prognóstico para estratificação da LMC e, também conforme descrito por outros autores, apresentou correlação de grupos de baixo risco com respostas favoráveis de tratamento. Conclusão: Pacientes em fase crônica de LMC se beneficiam com uso de inibidores de tirosina-quinase, sendo que o imatinibe apresenta boa eficácia e tolerabilidade como terapêutica de primeira linha e o nilotinibe também é capaz de apresentar respostas clinicamente favoráveis, desfechos particularmente notáveis em pacientes com score de Sokal de baixo risco.