Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-PATOLÓGICAS E DESFECHOS DE PACIENTES COM LINFOMA B DE ALTO GRAU E TRANSLOCAÇÃO C-MYC NO HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS

  • AG Macias,
  • DF Brasileiro,
  • JAM Ramazoto,
  • ST Oliveira,
  • IAS Plentz,
  • BM Borges,
  • GF Colli,
  • IA Siqueira,
  • NS Castro,
  • GZ Brandão

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S271 – S272

Abstract

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Objetivos: Avaliar os desfechos clínicos de pacientes com Linfoma B de Alto Grau em uma coorte retrospectiva, comparando a sobrevida entre diferentes protocolos de tratamento. Secundariamente, investigar a influência das translocações BCL2 e BCL6 nos desfechos. Material e métodos: Estudo de coorte retrospectiva incluindo pacientes diagnosticados com Linfoma B de Alto Grau, tratados no Hospital de Câncer de Barretos entre 17 de fevereiro de 2020 e 22 de dezembro de 2023. Analisamos características clínico-patológicas, protocolos de tratamento e desfechos. A sobrevida global e livre de progressão foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste de log-rank. Resultados: Foram incluídos 29 pacientes, dos quais três não receberam tratamento. A idade mediana foi de 51 anos (mínima 22, máxima 83), com distribuição equilibrada entre os sexos (15 masculinos, 14 femininos). A maioria dos pacientes (72,4%) apresentava-se em estágio avançado da doença. Entre os pacientes tratados, o protocolo R-CHOP (Rituximabe, Ciclofosfamida, Doxorrubicina, Vincristina e Prednisona) foi o mais utilizado (38,5%), seguido pelo R-DAEPOCH (Rituximabe, Dose-Ajustada de Etoposídeo, Ciclofosfamida e Doxorrubicina, Prednisona e Vincristina) (30,8%) e outros protocolos (30,8%). A profilaxia do sistema nervoso central foi realizada em 65,5% dos pacientes. Observamos taxa de resposta completa de 37,9%, refratariedade de 41,4% e mortalidade de 55,2%. As análises de sobrevida demonstraram uma sobrevida global em 48 meses de 70% para R-DAEPOCH versus 14,3% para R-CHOP (p = 0,17). A sobrevida livre de progressão não foi relatada separadamente, pois apenas um paciente apresentou recidiva antes do óbito, resultando em taxas idênticas às da sobrevida global. Identificamos 24,1% de casos com translocação de BCL2 e 6,9% com translocação de BCL6. Não houve diferença estatisticamente significativa na sobrevida global (p = 0,51) entre pacientes com ou sem estas translocações. Discussão: Nossos resultados corroboram a natureza agressiva dos Linfomas B de Alto Grau, com altas taxas de refratariedade (41,4%) e mortalidade (55,2%). A maioria dos pacientes (72,4%) apresentava-se em estágio avançado, possivelmente refletindo atrasos no diagnóstico, comuns em serviços públicos de saúde. Apesar do viés de seleção do tratamento baseado em performance status, idade e comorbidades, observamos uma tendência de superioridade do R-DAEPOCH sobre o R-CHOP (sobrevida global em 2 anos: 70,0% vs 14,3%, p = 0,17). Embora não estatisticamente significativa, esta tendência alinha-se com estudos prévios. A ausência de diferença significativa nos desfechos entre linfomas com ou sem translocações adicionais (p = 0,51) sugere que outros fatores podem influenciar o prognóstico, mas deve ser interpretada com cautela devido ao tamanho amostral limitado. Conclusão: O protocolo R-DAEPOCH mostrou tendência de melhores desfechos em Linfomas B de Alto Grau. Contudo, a agressividade da doença e o diagnóstico tardio em serviços públicos ainda resultam em altas taxas de refratariedade e mortalidade. É essencial buscar estratégias para melhorar o prognóstico, incluindo diagnóstico precoce e otimização do tratamento.