RECUPERAÇÃO INTRAOPERATÓRIA DE SANGUE AUTÓLOGO REDUZ O USO DE SANGUE ALOGÊNICO EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO

Abstract

Objetivo: Descrever a experiência de 10 anos com a autotransfusão (recuperação intraoperatória de sangue) em pacientes adultos submetidos a transplante de fígado. Material e métodos: Foi realizado um estudo de coorte retrospectiva, de 272 pacientes submetidos a transplante hepático entre 2010 e 2021. Recuperação intraoperatória de sangue autólogo foi disponibilizado a todo pacientes. Foi analisado: idade, sexo, MELD, óbito, recuperação intraoperatória de sangue autólogo (volume infundido). Resultados: Foram transplantados 272 pacientes sendo que 15 retransplantes foram realizados posteriormente.A mediana de idade dos pacientes transplantados foi de 56 anos, 43,2% do sexo feminino. A mediana do escore MELD foi de 16. A taxa de óbitos no período de estudo foi de 34,2% (93 óbitos). A recuperação intraoperatória de sangue, foi realizada em 92,2% das cirurgias. O volume total de hemácias autólogas reinfundidas foi de 307.175 ml, com uma média de 752 ml por cirurgia (variação de 0 a 8901 ml). O volume de sangue autólogo re-infundido corresponde a 1.239 unidades de concentrados de hemácias. Foram transfundidas 534 unidades de hemácias alogênicas. Discussão: Transplante hepático requer frequentemente e de forma imprevisível transfusão de hemocomponentes. A recuperação intraoperatoria de sangue autólogo reduz o uso de sangue alogênico. Neste estudo o volume recuperado e re-infundido de hemácias autólogas corresponde a 1.239 concentrados de hemácias. Esta quantidade é o dobro de unidades alogênicas usadas (534). Benefícios adicionais no uso de sangue autólogo são a redução de aloimunização e de imunomodulação. Conclusão: A recuperação intraoperatória de sangue autólogo reduz significativamente o uso de hemácias alogênicas e potencialmente futuros riscos como aloimunização e imunomodulação.