Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Adesão ao tratamento com Infliximabe em pacientes com Doença Inflamatória Intestinal em um Centro de Infusão na Bahia

  • Priscila Moreira Lauton,
  • Alline Mikaelle Nunes Wildemberg Brauer,
  • Fernanda da Silva Pereira,
  • Ana Flávia Silva Rocha,
  • Pablo de Moura Santos

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2022.v1.s2.p.13
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s.2

Abstract

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Introdução: Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU) são Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) de grande impacto na qualidade de vida e custos relevantes com internação. A terapia com infliximabe pode trazer grandes benefícios no controle de sintomas e remissão clínica, porém, a adesão ao tratamento é imprescindível para garantir o alcance do objetivo terapêutico. Objetivos: Identificar a taxa de adesão ao tratamento com Infliximabe de pacientes com DII e caracterizar as principais causas de não adesão. Métodos: Coorte retrospectiva de um ano de duração com 62 pacientes com diagnóstico de DII, em uso de Infliximabe, em um Hospital Universitário em Salvador, Bahia. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista e revisão de prontuário no período de março a outubro de 2022, através de um formulário estruturado com dados sociodemográficos, clínicos e farmacoterapêuticos. A taxa de adesão foi definida pela proporção de dias cobertos em um ano. Foram considerados aderentes os pacientes que obtiveram taxa superior a 80%. Os dados foram analisados por estatística descritiva.Resultados: A média de idade dos pacientes avaliados foi de 38 anos, sendo 34 (54,8%) homens, com renda mensal média de 2 salários-mínimos. 55 (89%) pacientes possuíam diagnóstico de DC e os demais, RCU. 43 (69%) pacientes não residem na cidade onde o medicamento é administrado. Para estes, a distância média entre a cidade de residência e o local de realização da infusão foi de 280km. 53 (85%) pacientes foram classificados como aderentes ao tratamento. A taxa média de adesão foi de 91%. Das 452 infusões avaliadas, 364 (81%) foram realizadas na data programada, 55 (12%) foram adiadas ou perdidas por falha de adesão e 33 (7%) foram suspensas por razões clínicas. As principais causas de não comparecimento foram: necessidade de resolução de problemas pessoais ou profissionais (34%), dificuldade de deslocamento até a unidade (25%) e não cumprimento de consultas ou exames laboratoriais necessários para a infusão (16%). Com relação à percepção do paciente sobre o tratamento, 18% sentem que o fato de precisar se deslocar até a unidade de saúde para realizar a infusão interfere muito na vida profissional e pessoal; 29% relataram que já perderam algum compromisso importante por conta da administração do medicamento; 48% temem os efeitos colaterais do infliximabe. Entretanto, todos os pacientes avaliados relataram sentir-se a vontade para tirar dúvidas com a equipe e 98% consideram que os profissionais têm uma linguagem de fácil entendimento. Conclusões: Apesar das dificuldades relatadas, a adesão ao tratamento foi considerada elevada, em uma unidade de referência com fornecimento gratuito do medicamento e acompanhamento multiprofissional. A identificação das causas de não adesão possibilita a elaboração de estratégias para garantir uma maior adesão e, consequentemente, melhor alcance dos objetivos terapêuticos.