Revista Portuguesa de Pneumologia (Jan 2012)

Prevalência de insónia de novo em doentes com síndrome de apneia obstrutiva do sono tratados com suporte ventilatório nocturno

  • P. Caetano Mota,
  • S. Morais Cardoso,
  • M. Drummond,
  • A.C. Santos,
  • J. Almeida,
  • J.C. Winck

Journal volume & issue
Vol. 18, no. 1
pp. 15 – 21

Abstract

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Resumo: Introdução: A insónia de novo (IN) associada ao uso do suporte ventilatório nocturno (SVN) tem sido uma realidade constatada na prática clínica, contudo é de salientar a escassez de dados referentes à sua prevalência. O nosso objectivo consistiu em determinar a prevalência de IN e seus factores de risco em doentes com síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) sob SVN. Material e métodos: Estudo descritivo transversal que incluiu 80 doentes com SAOS sob SVN. Efectuada comparação entre dois grupos, com e sem IN, relativamente a características demográficas, relacionadas com a doença, e personalidade. Foram excluídos os doentes sob medicação ansiolítica e/ou antidepressiva, com perda ponderal superior ou igual a 10%, e com sintomas da síndrome das pernas inquietas. Resultados: A mediana de idades dos doentes incluídos foi de 60,0 (intervalo interquartil (IIQ) 10,0) anos; 82,5% eram do sexo masculino. Os valores iniciais medianos da escala de sonolência de Epworth (ESE) e do índice de apneia-hipopneia (IAH) foram de 12,5 (IIQ 9,0) e de 44,1 (IIQ 22,4)/h, respectivamente. A maioria dos doentes (91,3%) estava sob pressão positiva nas vias aéreas em modo automático (auto-adjusting positive airway pressure (APAP)). A insónia prévia ao uso de SVN estava presente em 30% (n = 24) dos doentes. A prevalência de IN foi de 21,4% (12/56) e os subtipos de insónia inicial e/ou intermédia foram os mais frequentes (n = 11). Foi encontrada uma relação negativa estatisticamente significativa entre a IN e a pressão em 90% do tempo de SVN (P90) (p = 0.040). Conclusões: Os doentes com SAOS sob SVN apresentaram uma prevalência elevada de IN. Os doentes com IN apresentaram níveis inferiores de pressão de SVN comparativamente com os outros. Abstract: Introduction: New-onset insomnia (NOI) associated with nocturnal ventilatory support (NVS) is becoming a reality in clinical practice; however there is a lack of data about its prevalence. Our aim was to determine the prevalence of NOI in patients with obstructive sleep apnoea syndrome (OSAS) under NVS and its associated risk factors. Material and methods: Descriptive cross-sectional study of 80 patients with OSAS under NVS. We compared two groups, with and without NOI, considering demographic characteristics, disease features, and personality. Patients under anxiolytic and/or antidepressant medication, with a weight loss of 10% or greater, and with restless legs symptoms were excluded. Results: Median age of patients was 60.0 (interquartile range (IQR) 10.0) years; 82.5% were male. Median initial Epworth Sleepiness Scale (ESS) and apnoea-hypopnoea index (AHI) were 12.5 (IQR 9.0) and 44.1 (IQR 22.4)/hr, respectively. The majority of patients (91.3%) were under auto-adjusting positive airway pressure (APAP). Insomnia at baseline was present in 30% of patients (n = 24). Prevalence of NOI was 21.4% (12/56). Initial and/or intermediate insomnia were the most frequent subtypes (n = 11). We found a statistically significant negative relation between NOI and pressure on 90% night-time (P90) (p = 0.040). Conclusions: OSAS patients under NVS presented a high prevalence of NOI. Patients with NOI presented lower levels of pressure using NVS, compared to the others. Palavras-chave: Insónia de novo, Síndrome de apneia obstrutiva do sono, Suporte ventilatório nocturno, Auto-adjusting positive airway pressure, Prevalência, Factores de risco, Keywords: New-onset insomnia, Obstructive sleep apnoea syndrome, Nocturnal ventilatory support, Auto-adjusting positive airway pressure, Prevalence, Risk factors