Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)
Caracterização dos pacientes portadores de doença de crohn em tratamento com adalimumabe no estado da Bahia
Abstract
Introdução: O Adalimumabe (ADA) é um anticorpo monoclonal humano recombinante que pode ser utilizado para tratar a Doença de Crohn (DC) ativa moderada ou grave refratária a tratamentos prévios. O ADA é um medicamento pertencente ao grupo 1A do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), sendo sua aquisição centralizada pelo Ministério da Saúde, cabendo aos estados a organização dos serviços e da assistência farmacêutica para o adequado armazenamento, distribuição, dispensação e uso dos medicamentos dentro de critérios sanitários. Objetivos: Este estudo teve como objetivo descrever o tratamento e o perfil dos pacientes em uso de ADA para tratamento da DC no estado da Bahia. Métodos: Estudo observacional retrospectivo de caráter descritivo, realizado em maio de 2016. Os dados secundários foram recuperados dos prontuários de pacientes atendidos em uma farmácia pertencente ao Sistema Único de Saúde (SUS) caracterizada por dispensar medicamentos do CEAF, localizada no município de Salvador, Bahia. Os critérios de inclusão foram: prontuários de pacientes com diagnóstico médico de DC e que contivessem ao menos um registro de dispensação de ADA 40mg injetável no ano de 2016. Para definir o perfil dos pacientes, foram analisadas as seguintes variáveis: gênero, idade, cidade de domicílio e tempo de diagnóstico da DC. Para caracterização do tratamento utilizou-se os seguintes indicadores: histórico de tratamento prévio ao ADA; tempo de uso de ADA; estimativa do custo e quantitativo de unidades posológicas para tratamento dos pacientes, baseados no preço máximo de venda ao governo (PMVG) atualizado em 14/04/2016 e última prescrição de 2016, respectivamente. Os dados foram alimentados em uma planilha do Microsoft Excell®, onde foram calculadas as frequências absolutas, relativas e médias. Resultados e Discussão: 39 prontuários atenderam aos critérios da pesquisa e a distribuição por gênero foi uniforme: 20 (51,3%) pacientes do gênero feminino e 19 (48,7%) masculino. O tempo de diagnóstico para DC variou de 6 meses a 20 anos, com média de 5 anos. A faixa etária variou de 15 a 62 com média de 34,3 anos, sendo que 24 (61,5%) eram residentes de Salvador, capital do estado. Vinte e três pacientes (59,0%) tinham registro em prontuário de tratamento prévio para DC com outros esquemas terapêuticos antes de serem prescritos com ADA. O tempo de uso do ADA variou desde 2 meses a 5 anos, obtendo-se uma média de 1,9 anos dentre os pacientes estudados. A maior parte (29 - 74,4%) fazia uso de 2 ampolas de ADA mensais, seguidos de 8 pacientes (20,5%) que usavam 3 ampolas/mês e 2 (5,1%) que usavam 4 ampolas/mês. Para tratamento mensal destes pacientes foram estimadas 90 ampolas de ADA que custariam R$ 445.148,10, projetando-se um investimento anual da ordem de R$ 23.210.021,93. Os resultados deste levantamento apontam para a necessidade de se aprofundar nos motivos e justificativas para o uso de ADA em pacientes menores de 18 anos, bem como avaliar a efetividade e segurança do tratamento em pacientes com tempo de uso superior a 12 meses. Conclusão: Devido ao alto custo envolvido na aquisição de medicamentos biológicos, bem como os possíveis efeitos adversos provenientes do seu uso, ratifica-se a necessidade de um acompanhamento mais próximo destes pacientes com o intuito de se avaliar a efetividade e segurança no uso de ADA para tratamento de DC.