Revista Dor (Apr 2022)

Introdução da cetamina oral no controlo da dor crónica oncológica refratária: a nossa experiência.

  • Ana Arantes,
  • Sara Alves,
  • Carmélia Ferreira,
  • Filipe Antunes,
  • Diamantino Pereira

DOI
https://doi.org/10.24875/DOR.M23000026
Journal volume & issue
Vol. 29, no. 2

Abstract

Read online

O uso off-label da cetamina com o intuito analgésico na área dor crónica é cada vez mais aceite. No entanto, em muitas instituições, representa uma estratégia reservada apenas a casos refratários. Em 2020, foi introduzido no Hospital de Braga um protocolo que visa a administração de cetamina oral no tratamento de dor crónica oncológica refratária à terapêutica com opioide em altas doses e fármacos adjuvantes. Foi realizado um estudo retrospetivo dos casos clínicos em que foi aplicado o referido protocolo, entre janeiro de 2020 e junho de 2021, com base nos registos clínicos disponíveis. O objetivo foi avaliar a eficácia e a tolerância da administração de cetamina por via oral na dor crónica oncológica refratária, tendo em conta a obtenção de controlo álgico, redução no consumo de opioide e ocorrência de eventos adversos. O protocolo foi aplicado a cinco doentes, durante intervalos de tempo compreendidos entre 18 e 81 dias. Todos os doentes apresentavam dor crónica oncológica refratária, cuja neoplasia se apresentava em estádio 4. A aplicação do protocolo de cetamina oral permitiu um controlo álgico eficaz e sustentado em 60% (3 em 5) dos doentes e uma redução de 50-75% na dose de opioide em 40% (2 em 5) dos doentes, para uma dose média efetiva de 2 mg/kg/dia (0,5-2,9 mg/kg/dia). A utilização off-label de cetamina oral revelou-se um agente seguro e eficaz na abordagem da dor crónica oncológica refratária. A sua utilização por via oral potenciou o seu uso a longo prazo, minimizando a necessidade e duração de internamento hospitalar.

Keywords